Uma conhecida revista de circulação nacional publicou uma matéria onde informa que o Exército estaria preparando eventuais alojamentos prisionais, na expectativa de uma possível prisão dos militares envolvidos na frustrada tentativa de golpe de Estado, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro. A razão é simples. Caso a prisão de Jair Bolsonaro seja decretada, ele poderá ficar numa prisão militar, em razão de sua condição de capitão do Exército. O mais interessante é que praticamente todos os militares supostamente envolvidos nas tessituras golpistas, se mantiveram no modo: declarar durante as oitivas do dia de ontem, 22, sob a supervisão da Polícia Federal, que conduz as investigações.
Salvo melhor juízo, apenas o ex-Ministro da Justiça, Anderson Torres, e o autal presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, responderam às perguntas formuladas. O silêncio é uma prerrogativa legal que pode ser utilizada pelos acusados. Neste caso, porém, tal atitude passa a ter várias possibilidades de interpretação. No caso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, o argumento apresentado é que seus advogados não tiveram acesso aos autos na medida de suas expectativas, ou seja, os autos não foram disponibilizados em sua plenitude, dificultando, assim, a formulação de uma linha de defesa do ex-presidente.
Mas, a rigor, este editor desconfia que já entramos aqui naquilo que em Teoria do Jogos costumamos identificar como "Dilema do Prisioneiro". Suspeita-se, por exemplo, que Anderson Torres e Valdemar da Costa Neto possam ter entrado numa linha colaborativa com as investigações conduzidas pela Polícia Federal. O núcleo duro que gravitou em torno do ex-presdente, por outro lado, suspeita que Bolsonaro deseja ter acesso aos depoimentos dos demais envolvidos para saber como se colocará. Por isso o silêncio? Não se sabe exatamente.
O fato é que a Polícia Federal, conforme o próprio Ministro Alexandre de Moraes, do STF, dispõe de provas robustas sobre as tessituras de mais uma tentativa de golpe de Estado no país. Neste caso, pouco importa o silêncio dos envolvidos durante essas convocações. Ao fim e ao cabo, concuídos os inquéritos com absoluto profissionalismo e provas irrefutáveis, quem tiver culpa no cartório terá que arcar com ônus de ter embarcado nessa aventura golpista, seja lá por qual motivo.
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