As ditaduras são sempre pavorosas, abomináveis. As pessoas de bem devem empreender todos os esforços possíveis para preservarem as instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito. As práticas recorrenres de estupros ocorridas durante a ditadura de Alfredo Stroessner, no Paraguai, relatadas e registradas em inúmeros documentários, alguns deles com depoimento das vítimas, geralmente entre 10 e 15 anos de idade, foram mais comuns do que imaginávamos antes de assistirmos a tais documentários. Há registros dessas práticas inclusive no Brasil.
Aliás, essa prática abjeta do ditador tornou-se algo "institucionalizado" durante o período em que Stroessner manteve-se no poder. Existiam locais reservados exclusivamente para tal finalidade, além de aliciadores que cumpriam o papel de encontrarem essas crianças e adolescentes. A prática envolvia o oficialato que prestava continência ao ditador. Em São Domingos, o chefe de polícia de Rafael Trujillo Molina, que acumulou fortuna em detrimento da miséria da população de São Domingos, mantinha uma caderneta de anotações com as práticas de torturas existentes em todos os países.
A cada dia o algoz escolhia, possivelmente aleatoriamente, em seu manual, as torturas de um desses países para infringir aos adversários da ditadura comandada pelo sanguinário Trujillo. Observem os leitores até que ponto chega o grau de perversão do ser humano. No Brasil existiam "médicos" que acompanhavam as torturas para informar aos torturadores se o sujeito ainda reunia condições de suportar os maus tratos. Depois, quando os indivíduos morriam, emitiam laudos falsos sobre a causa da morte.
No Chile, um país onde as instituições democráticas, no período pós-ditadura Augusto Pinochet, conseguiram punir indivíduos envolvidos na violação dos direitos humanos, suspeita-se que o poeta Pablo Neruda, Prêmio Nobel de Literatura, possa ter sido vítima da ditadura. O último laudo sobre a sua morte, depois do corpo exumado, aponta que ele pode ter sido envenenado. Antes de morrer, o poeta ligou para um amigo falando de uma injeção que havia tomado, fora de sua medicação usual, depois de transferido para outro hospital, sem uma explicação convincente. Há motivos mais do que suficientes para que a sua morte seja novamente investigada, conforme entendeu a justiça daquele país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário