pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: João avisa a Gleisi que não aceitará um nome do PT como vice. Lula entrará nas articulações.
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domingo, 18 de fevereiro de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: João avisa a Gleisi que não aceitará um nome do PT como vice. Lula entrará nas articulações.



Houve um tempo em que a gestão do PT na Prefeitura da Cidade do Recife ficou como que atravessada na traquéia do ex-governador Eduardo Campos. Naqueles idos - lá se vão longos anos, por sinal - com o propósito de consolidar o "eduardismo" na política pernambucana, que funcionaria como uma espécie de plataforma ou trampolim para os seus projetos presidenciais, o controle político do Palácio Antonio Farias se inseria neste escopo. Durante aquele período, escrevemos diversos artigos aqui pelo blog tratando desta questão, alertando que a raposa política já estaria armando o bote, sendo prudente tomar as precauções necessárias. 

Possivelmente, tais observações foram negligenciadas e, depois de uma intervenção "branca" na gestão do então prefeito João da Costa, que sucedeu João Paulo, finalmente, o projeto de Eduardo Campos consolidou-se, depois das eleições municipais de 2012, quando o  então integrante do seu staff técnico, Geraldo Júlio, assumiu o comando da Prefeitura da Cidade do Recife. É curioso observar como o ex-governador Eduardo Campos não confiava plenamente no seu staff político, um núcleo duro que o acompanhava desde os bancos universitários. 

Mesmo acusando o choque, o PT, por aqueles idos, ainda reunia as condiçãos de desenvolver um projeto coletivo, de partido. Não o fez, optando pelo pragmatismo ou às aspirações de algumas lideranças de proa da legenda, com grande capilaridade política na agremiação, que optaram em ficar à sombra dos socialistas, priorizando os projetos pessoais. Quando muito, de nucleações, que ficariam conhecidos como queijos-do-reino, ou seja, vermelhos por fora e amarelos por dentro. Sempre registramos aqui a "resistência" das tendências mais orgânicas da agremiação, aquele PT ainda das bases, vinculados aos movimentos sociais, mas estes foram vencidos nas disputas internas pelo processo de oligarquização da legenda.  

Algum tempo depois, com o seu projeto presidencial já em curso, seria o próprio Eduardo Campos quem trataria de romper com a legenda, articulando-se com forças do centro e até do centro-direita do expectro político, concebendo que, naquele momento, e não totalmente equivocado,  o antipetismo seria a estratégia mais viável para se chegar ao Palácio do Planalto. Eduardo faleceu num fatídico acidente aéreo. O espólio político do pai foi assumido pelos fihos João Campos e Pedro Campos. 

Dizem até que Eduardo considerava Pedro com maiores pendores para a política do que o João. Depois de uma fase de "reticências" - o que seria natural se considerarmos a sua idade - João Campos toma gosto pela política, tornando-se o prefeito mais bem avaliado do país. João Campos assume a Prefeitua da Cidade do Recife, em 2022, com um discurso marcadamente antipetista. Chegou a insinuar que não aceitaria o partido em sua gestão. Como em política não existem nunca nem jamais, com o tempo, essa postura foi se modifcando e os arranjos do Palácio do Planato, em aliança com os socialistas, no plano nacional, moldaram um novo padrão de relacionamento entre o prefeito e o Partido dos Trabalhadores. 

Momento houve em que o socialista cedeu espaço na Prefeitura do Recife aos petistas apenas para "acomodar" os velhos companheiros socialistas pernambucanos na máquina do Governo Federal. Colocar o PT como vice na chapa onde ele concorre à reeleição, no entanto, trata-se de uma equação bem mais complexa, envolvendo alguns cálculos políticos de difícil equacionamento. A reeleição de João é uma mera transição para as eleições estaduais de 2026, quando o filho do ex-governador deve candidatar-se ao Governo do Estado de Pernambuco, cumprindo, assim, uma trajetória prevista em sua carreira política, muito semelhante ao legado deixado pelo pai. 

Isso signifca ter um controle absoluto sobre o que ocorrerá na Prefeitura da Cidade do Recife depois dos dois anos, quando precisará se desincompatibilizar do cargo. Se ele aprendeu alguma coisa com o pai - e até Lula acredita que ele aprendeu - João Campos não entregaria as chaves da prefeitura ao PT. Passando o carnaval no Recife, a Presidente Nacional do Partido, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, andou informando que as alianças locais que contaria com o apoio do Palácio do Planalto, necessariamente, passa pela indicação da vice pela legenda. 

Mesmo no período momesco, num desses intervalos das festividades, a presidente nacional da legenda teria mantido uma conversa reservada com o prefeito João Campos.  De acordo com fontes de um blog local, o prefeito teria feito questão de raticar que  a vaga de vice em seu projeto de reeleição não seria preenchida pelo PT. Segundo os escaninhos da política, o partido estaria sugerindo que a hoje senadora Tereza Leitão seja indicada como vice. Diante da recusa do prefeito, o morubixaba petista poderá entrar no circuito das negociações. Em política se consegue dá nó em água. Neste caso específico, no entanto, não acreditamos que Lula será bem-sucedido nas articulações. 

Ressaltamos aqui o exemplar comportamente do hoje Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, que, segundo dizem, também endossa a escolha de Tereza Leitão como vice na chapa de reeleição de João Campos. Independentemente de ser filiado ao Republicanos, aqui na província, o ministro vem assumindo posturas de vinculação orgânica aos interesses do Palácio do Planalto, o que é raro entre os nomes nomeados por Lula para ocupar cargos relevantes na máquina. 

Como se sabe, 2026 é agora. Hoje se tem como favas contadas, por exemplo, que o morubixaba petista será candidato à reeleição. O Palácio do Campo das Princesas, nas bastidores, manobra politicamente para criar embaraços aos projetos políticos do jovem prefeito socialista. Adversário político figadal da governadora Raquel Lira, o PDT acabou aceitando o convite para compor o governo, o que implicou, igualmente, em ajustes inusitados nas disputas políticas na Princesa do Agreste, reduto político tradicional da governadora. João Campos, por sua vez, não se descuida, celebrando acordos políticos que produzirão seus resultados em 2026, como a aliança com o grupo político da família Coelho. É curioso observar que nessas composição políticas do prefeito, onde já se vislumbra quem seriam os nomes que concorreriam ao Senado Federal, o PT também fica de fora.    

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