58,5% do território da capital do Rio de Janeiro está sob o controle das milícias ou do crime organizado. Batoré, um ex-policial militar expulso da corporação por desvios de armamentos para o crime organizado, foi morto num enfrentamento com forças regulares da Polícia Civil, atuando dentro da legalidade, com agentes de Estado. É preciso sempre fazer essa distinção, sobretudo nos dias atuais. Afinal, até recentemente, depois que o traficante Luiz Antônio da Silva Braga, mais conhecido como "Zinho", entregou-se à justiça, a própria Polícia Civil do Rio de Janeiro - a banda sadia, naturalmente - já havia detectado que vinte pseudos agentes de Estado estavam entre os que recebiam "mesada" do traficante. Isso num primeiro levantamento.
O percurso é o mesmo, assim como ocorreu com Ronnie Lessa, Adriano da Nóbrega. Antes de fundar o Escritório do Crime, Adriano da Nóbrega era um policial exemplar, primeiro lugar no curso de formação de sua turma no BOPE. Mas, voltemos ao caso de Batoré. Este editor ficou impressionado com o montante movimentado pelo chefe miliciano, apenas com a exploração de vans que atuavam nas zonas sob o controle de sua milícia. Para ter permissão para usar uma van de transporte coletivo na área era cobrado uma taxa mensal ilegal dos seus proprietários. As estimativas chegavam aos cinco milhões mensais somente com esse nicho de mercado, quando se sabe que eles exploram um número expressivo de outros nichos.
Agora, através de uma série de reportagens do jornal O Estado de São Paulo, descobrimos algo ainda mais preocupante.Há índicios de que na Zona Leste, dentro de parâmetros licitatórios convencionais, concebidos pelo Poder Público Municipal, algumas empresa de transporte coletivo, suspotamente mantidas pelo crime organizado, estejam operando livremente. Somente no ano passado teriam sido repassados a quantia de R$ 800 milhões de reais para essas empresas, recursos públicos que seriam utilizados, entre outras coisas, com o propósito de lavagem de dinheiro do tráfico.
Está tudo dominado. A suspeita existe há um longo tempo, os fatos nunca foram devidmente investigados, tão pouco devidamente esclarecidos até hoje. Não tivemos acesso às outras matérias publicadas pelo jornal, mas enaltecemos aqui o seu teor de utilidade pública, assim como uma matéria bastante aprofundada publicada pela revista Piauí, onde é investigada uma eventual participação das forças especiais na tentativa frustrado de golpe de Estado do dia 08 de janeiro. São os Kids Preto. Boa parte dos militares que estavam no entorno de Jair Bolsonaro tiveram formação nessas forças especiais. O próprio Jair Bolsonaro tentou, sem sucesso, por duas vezes, ingressar nesse agrupamento militar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário