Depois das declarações infelizes de Lula, capaz de produzir uma crise diplomática entre o Brasil e o Governo de Israel, o presidente brasileiro tornou-se uma persona non grata para o Governo de Israel. Como informamos no dia de ontem, as declarações de Lula ocorreram num momento em que ele falou de improviso, durante uma entrevista. O discurso preparado pelo Itamaraty, que ele leu durante a cerimônia oficial, foi considerado impecável, dentro do status histórico ocupado pela diplomacia brasileira no contexto das relações internacionais.
Num encontro recente, durante as comemorações dos 127 anos do Porto de Santos e o anúncio oficial sobre a construção do túnel subterrâneo Santos\Guarujá, na presença de autoridades federais e estaduais, Lula afirmou que iria ignorar o discurso escrito por se sentir desconfortável em lê-lo ao mesmo tempo em que segurava o microfone. Neste momento esteve bem, enfaizando a necessidade de se estabelecer relações republicanas entre os entes federados, assim como superar a polarização, se reestabelecendo a "normalidade".
Logo em seguida, porém, outra polêmica que poderia ter sido evitada, durante uma cerimônia na Volkswagem, num diálogo com uma jovem afrodescendete. O presidente não disse nada passível de censura ou crítica, mas, nesses momentos bicudos de profunda má-vontade da oposição e de militância identitarista, todo cuidado ainda é pouco. Não seria a primeira vez em que o morubixaba petista comete alguns deslizes verbais em suas falas de improviso. Tal fato, alás, tem sido perigosamente recorrente, desde a últiam campanha presidencial.
Lula e sua assessoria de comunicação precisam ser mais cuidadosos por aqui. Escalar o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para ser o único integrante do Governo a se pronunciar sobre os ruídos diplomáticos gerados com o Governo de Israel pode ser uma primeira providência correta. Convém que tal diretirz também se aplique às lideranças partidárias e do Governo, evitando, assim, alimentar a sanha oposicionista no sentido de desgatar o Governo.
Neste caso, convém seguir os conselhos do comendador Arnaldo, ao observar que há coisas que se dizem por baixo, há coisas que se dizem por cima e há coisas que não se dizem. Mesmo nas mesas de bares, com o amigo, a clivagem precisa ser levada em consideração. Vai que o colega ao lado não seja suficientemente confiável? A oposição bolsonarista já encaminha uma petição de abertura de processo de impeachment contra o presidente, argumentando que Lula cometeu crime de responsabilidade.
A petição é assinado, inclusive, por partidos com representação no Governo. Vejam os senhores que governabilidade temerária. Emendas são liberadas, os caras ocupam cargos na máquina e votam contra o Governo. E O Governo, por sua vez, de mãos atadas. Assim como o já fizemos em relação ao Ministro das Relações Institucionais - ao afirmar que o problema não se resolve com a troca de nomes - o mesmo o fazemos em relação ao Ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta.
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