José Luiz Gomes
O caldeirão da política recifense continua em plena ebulição. A máquina mói nos bastidores embora, por razões óbvias, muitas coisas não são tornadas públicas. Isso faz parte do campo político. Hoje tive a oportunidade de ler um pequeno artigo do escritor Antonio Campos, em seu blog, sobre a educação na cidade de Olinda. De posse de alguns dados - como o desempenho do município no IDEB - informa que as coisas não vão bem nessa área, na Marim dos Caetés. 90% dos 185 municípios pernambucanos entregaram, dentro do prazo, o Plano de Educação Municipal. Olinda, nas palavras do escritor, não fez o dever de casa. Não temos muitas informações sobre este assunto, mas algo nos sugere que este blog seja novo e integra uma plataforma de ação - mais uma - que visa ancorar uma possível candidatura do escritor à Prefeitura da Cidade de Olinda. Ou o blog é novo ou, pelo menos, as temáticas que estão sendo tratadas começam a problematizar sobre a cidade de Olinda.
Há grandes questionamentos sobre os arranjos políticos em jogo, com o objetivo de viabilizar essa candidatura. Além de neófito, com a manobra, Antonio Campos provoca um "desarranjo" na correlação de forças locais, em alguns casos, atingindo aliados do primeiro escalação do prefeito Geraldo Júlio(PSB), no Recife. Talvez possamos descobrir mais tarde que tudo já teria sido "arranjado" e que estamos fazendo uma tempestade num copo de água. Talvez. No momento, todos os indícios apontam para uma candidatura. Seu aniversário será comemorado no melhor estilo, na cidade, precisamente na Casa da Rabeca, um tradicional reduto cultural e simbólico do município. Os observadores poderão afirmar que a Tabajara é um distrito em disputa por dois municípios, mas, por outro lado, todos sabem das relações afetivas daquela espaço cultural com a Marim dos Caetés.
Ademais, pelo que se sabe, os convivas são todos de Olinda e extrapolam os círculos literários e culturais. Em outras palavras, envereda pelos círculos políticos, numa evidente demonstração da estratégia de construção de capilaridade num campo até então estranho ao escritor: o político. Aqui surge mais um dado para analisarmos sobre quem, de fato, dá as cartas entre os socialistas tupiniquins. Outro dia, pelos jornais, em meio às especulações sobre a sucessão no município de Jaboatão dos Guararapes - onde já era intensa as costuras do socialista João Fernando Coutinho - o governador Paulo Câmara veio a público para "por ordem" no recinto: 2016 se discute em 2016. No caso de Olinda, um silêncio obsequioso. Afinal, formiga sabe que roça come.
Continua ainda merecedora de uma análise mais consistente os "significados" da visita do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ao Recife. Foi daquelas chegadas intempestivas, alvoraçadas, onde ele atirou para todos os lados, atingiu alguns alvos, abriu alguns flancos e depois desapareceu. O prefeito do Recife, teria encontrado com ele em Brasília, onde aproveitou a deixa para questioná-lo acerca da eventualidade de uma candidatura pedetista no Recife, em 2016. Aqui na província, Lupinho havia questionado uma possível fusão - hoje já descartada - entre o PSB e o PPS. Nas suas observações, seria o abraço da morte com os tucanos, via PPS. Em certa medida, ele tem razão, embota essa questão da ideologia seja apenas um "pano de fundo", principalmente quando se está em jogo a filosofia pragmática que regem as nossas agremiações partidárias.
Tratou-se, tão somente, de um discurso do presidente nacional da legenda pedetista. E como diria o filósofo Nietzsche, toda palavra é uma máscara, todo discurso é uma fraude. Naturalmente que passa longe essa preocupação de Carlos Lupi com a possível "decadência ideológica" dos socialistas tupiniquins. Lupi chegou a levantar a hipótese de uma possível candidatura do ex-deputado federal, Paulo Rubem Santiago - hoje na presidência da Fundação Joaquim Nabuco - à Prefeitura da Cidade do Recife, em 2016. Pouco tempo depois, em entrevista a uma rádio local, o ex-deputado descartou completamente essa possibilidade. Como no dicionário da política não existem as palavras nunca nem jamais, as posições também mudam como as nuvens.
E,afinal, a quantas andam as movimentações no establishment governista do Recife? Começaram a ser veiculadas pela TV algumas peças publicitárias da Prefeitura da Cidade do Recife. Lembro-me de uma que fala precisamente sobre a melhoria da qualidade da merenda escolar na rede municipal. Educação é um dos aspectos nevrálgicos da administração do senhor Geraldo Júlio(PSB). Aliás, há ali uma caveira de burro que precisa ser urgentemente desenterrada. Faz muito tempo que o órgão anda enredado em problemas de toda ordem, sejam administrativos, fiscais, de desempenho etc. Há várias denúncias de irregularidades, contas já foram bloqueadas, merendas e materiais deixaram de ser distribuídos por falta da pagamentos a fornecedores. Até o pessoal do TCE já assumiu a pasta, numa espécie de intervenção branca, a despeito das boas relações entre o órgão e os socialistas da província. Num quadro como este, não se poderia esperar muita coisa sobre o desempenho do alunado.
Uma verdade, no entanto, precisa ser dita. Esses problemas estão se arrastando já faz algum tempo. Na realidade, Geraldo Júlio pegou as "batatas" e não conseguiu descascá-las a contento. Mesmo sem a forte liderança do ex-deputado Sérgio Guerra, os tucanos mais emplumados estão de bico afiados, de olho no Palácio Antonio Farias. Por muito pouco, uma dessas aves não jogaram as eleições de 2012 para um segundo turno, o que teria provocado a ira do ex-governador, Eduardo Campos, que não ficou nada satisfeito com o "impasse". A bronca teria sobrado até mesmo para o marqueteiro argentino, que o acompanhava desde de 2006. Essa mesma ave, com as arestas mais aparadas no ninho tucano, promete voltar a cantar nas eleições de 2016.
Trata-se do deputado estadual Daniel Coelho, político ainda jovem, com forte penetração em alguns segmentos do eleitorado recifense. Segundo uma bem informada blogueira do Estado, os estrategistas do staff do prefeito teriam urdido uma manobra que quase sempre dá certo: moveria uma peça do ninho tucano para os espaços da Prefeitura da Cidade do Recife, o que poderia proporcionar um "naco de poder" imediato, atiçando a cobiça e vilania, capazes de refrear qualquer pretensão futura. Um dos nomes convidados teria sido o da vereadora Aline Mariano, que teria recusado o convite. Ainda de acordo com a blogueira, um outro nome aventado seria o do vereador André Régis, presidente da comissão de educação da Câmara Municipal, um ferrenho opositor do prefeito.
Com a manobra, Geraldo Júlio mataria dois coelhos de uma cajadada só. Por aqui, bem se vê que o interesse público pode esperar. O ilustre vereador - colega do mestrado em ciência política da UFPE - seria convidado justamente para assumir a pasta da educação. Justamente ele que, outro dia, apontou como um dos principais problemas da educação do município a ausência de ar-condicionado nas salas de aula da rede municipal.
P.S do Realpolitik: O artigo comete um equívoco ao mencionar que a tucana Aline Mariano havia recusado o convite para integrar a equipe do prefeito Geraldo Júlio. Na realidade, a vereadora Aline Mariano é titular da Secretaria de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas. Aliás, convém lembrar que a relação entre neo-socialistas e tucanos, no Estado, sempre foram muito amistosas. O que talvez esteja faltando no momento é alguém para brecar as pretensões de algumas lideranças tucanas, como ocorria no passado, quando o ex-deputado Sérgio Guerra era vivo. Falta a ave de coordenação dos voos.
P.S do Realpolitik: O artigo comete um equívoco ao mencionar que a tucana Aline Mariano havia recusado o convite para integrar a equipe do prefeito Geraldo Júlio. Na realidade, a vereadora Aline Mariano é titular da Secretaria de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas. Aliás, convém lembrar que a relação entre neo-socialistas e tucanos, no Estado, sempre foram muito amistosas. O que talvez esteja faltando no momento é alguém para brecar as pretensões de algumas lideranças tucanas, como ocorria no passado, quando o ex-deputado Sérgio Guerra era vivo. Falta a ave de coordenação dos voos.
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