O Sistema Penitenciário e as políticas de erradicação do analfabetismo não mobilizam a população, não há demanda e, portanto, tanto os políticos quanto o poder público tratam esses temas como políticas de segunda categoria. Já ia esquecendo, mas também não dá ibope, não dá audiência, afastando outros atores do debate dessas questões. O último relatório da UNESCO nos reprovou pelos 13 milhões de analfabetos entre a população adulta, um índice considerado alto até para os padrões latino-americanos. Como este é o país, do "mimo", onde há adocicamento até mesmo da linguagem, como diria Gilberto Freyre, alguns Estados - como é o caso de Pernambuco - a secretaria que trata do sistema prisional é chamada de secretaria de "ressocialização", seja lá o que isso signifique. Só não significa mesmo que os apenados, tratados como são, possam ser reintegrados à sociedade.
Volto a dizer, trata-se de um assunto muito melindroso. Logo aparecem pessoas afirmando que estamos defendendo marginais, posto que basta uma olhada aqui pelas redes sociais e você poderá se surpreender com as inúmeras expressões do tipo: "bandido bom é bandido morto". Não se vê políticos defendendo plataformas de tratamentos mais dignos e humanizados para a população carcerária. É muito mais comum, isto sim, encontrarmos políticos incorporando essas bandeiras de eliminação física de quem comete delitos, exigindo ações enérgicas das forças de repressão do Estado. Há uma leva de políticos que são eleitos empunhando essas bandeiras. Na realidade, essa população está entregue à própria sorte, deixada para morrer nesse inferno em que se transformaram as unidades prisionais no país.
Preocupado em dar uma satisfação à classe média carioca, depois do episódio da morte do médico que pedalava na Lagoa, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza, o Pezão, deu sucessivas declarações infelizes sobre o caso. Sua polícia apresentou inocentes como culpados. Há um jovem, que foi apresentado como o autor do crime, onde 06 testemunhas afirmam que que ele estava num outro local no momento do crime. Tudo muito estranho. Parece até uma manobra da polícia para "mostrar serviço". Hoje, 07 de junho, o Repórter JC, traz alguns dados preocupantes sobre o nosso sistema prisional. Em 2012, segundo a ONU, o Brasil tinha 515 mil presos. Sete anos antes, 296 mil. Segundo esse mesmo relatório, a população carcerária, entre 2005 e 2012, aumentou em 74%. A estimativa é que cada preso custe, em média, R$ 2,5 mil, o que equivale a um custo de 1,5 bi mensais. Algo precisa ser feito urgentemente. Está tudo errado. A população carcerária brasileira vem crescendo numa proporção alarmante.
Reproduzo, neste post, o vídeo do espancamento de um dos jovens acusados de esfaquear o médico que pedalava na Lagoa. Como informamos antes, eis aqui um caso cercado de mistérios, onde o poder público e a justiça podem está sendo induzidas ao erro, em razão da pressão exercida pela classe média, ávida por justiçamento. Sim, Justiçamento! Justiça é outra coisa. Mais ou menos o que ocorreu com aquele garoto que escalava os prédios das madames de Boa Viagem, conhecido como Menino Aranha, brutalmente assassinado, com requintes de crueldade, com cinco tiros desferidos contra uma de suas mãos. Advirto que o vídeo tem cenas fortes. Não estou aqui defendendo bandido, volto a insistir, mas, até onde sabe, é atribuição do Estado punir e assegurar a integridade física dos que cumprem pena em nossos presídios, mesmo nas circunstâncias descritas acima, onde as evidências apontam para falhas clamorosas nessa atribuição.
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