Gostaria muito de participar de uma oficina literária com o escritor Raimundo Carrero.
Embora ele realize essa oficina com regularidade, na secção
pernambucana da União Brasileira de Escritores, nunca tivemos essa
oportunidade. Circunstâncias que fogem ao nosso controle, sempre nos
impedem de participar. Mas ontem, pelas redes sociais, tivemos a
oportunidade de conversarmos com ele. Nos instigavam seus comentários
sobre o escritor alagoano, Graciliano
Ramos. Aliás, tudo que se refere a Graciliano Ramos, nos interessam
bastante. Temos por ele uma grade admiração, seja como escritor, seja
como homem público. Quem o leu, sabe do esmero que ele usa na escrita.
Como prefeito, honrou a função como poucos. Um homem com um notável
espírito público, na verdadeira acepção da palavra. Jamais admitiu um
parente sem o instituto republicano do concurso público e multou o
próprio pai, que mantinha animais soltos nas ruas. Um dos primeiros
livros que li de Graciliano Ramos foi "Infância", onde há alguns relatos
sobre como tomou gosto pela literatura - através de um amigo que abriu
sua biblioteca para ele - e as agruras da puberdade, onde era obrigado
pelo pai a tomar banho em rios infestados de cobras, aqui em Pernambuco,
salvo algum engano, na cidade de Bonito. Nos bastidores do "campo
literário", para usarmos um conceito do sociólogo francês Pierre
Bourdieu, comenta-se que, numa referência jocosa a José Lins do Rego, o
velho Graça teria dito: "mas se até José Lins era escritor..."
Justamente José Lins, que, na sua posse na Academia Brasileira de
Letras, num ato raro, "desancou" o seu antecessor na cadeira, afirmando
tratar-se de um "escritor" sem livros. Mas, o que, de fato, nos
impressionou nisso tudo - e isso vem sendo trabalhado por Raimundo
Carrero, nesta última oficina - é o conjunto da produção de Graciliano
Ramos sobre o ato de escrever. Corri para ter acesso às obras Linhas
Tortas e Conversas com Graciliano, ambas da editora Record, onde o
escritor narra suas impressões sobre o ato de escrever. Há alguns anos
atrás, o escritor Raimundo Carrero lançou uma publicação que é uma
espécie de reflexão também sobre o ato de escrever. Hoje esse livro
estaria esgotado, mas consegui um dos últimos exemplares. Nos tem sido
muito útil, sobretudo para aquele "encontro consigo mesmo".
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