Sem alarde, o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, esteve no Palácio do Campo das Princesas, numa conversa com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. No encontro, segundo versão de um jornal local, ele teria dito ao governador que, neste momento, contar com recursos federais seria uma miragem. Algo mais ou menos assim. O oráculo de Harvard tem lá suas razões. As coisas não estão boas para ninguém. As despesas estaduais estão contingenciadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Gastos acima do teto do que estipula a lei, algo em torno de 46,5% de comprometimento da receita - e o Governo Estadual já ultrapassou este limite - facultam à justiça adotar medidas duras para equilibrar os gastos da folha.
Eu não gostaria de estar na pele do senhor Paulo Câmara. Ao tempo em que demonstra incapacidade de honrar com o pleito dos servidores públicos em estado de greve, também não tem a quem recorrer. Em outros momentos já nos pronunciamos sobre este assunto, correndo o risco de sermos repetitivos, mas não custa nada voltar a repetir que o senhor Paulo Câmara herdou uma herança maldita do seu antecessor. Não sei como ele irá se virar no sentido de melhorar a arrecadação do Estado, num momento de desaceleração da economia, num momento que não poderá contar com recursos do Governo Federal. O abacaxi é grande e a faca não está amolada.
Prudentemente, há quem informe que as greves seriam extremamente desgastantes num cenário como este. As ilegalidades serão decretadas facilmente pela Justiça. Por outro lado, não vejo como o senhor Paulo Câmara possa ter sossego daqui para frente. Se as receitas do Estado estão combalidas, ele sabia desse quadro cinzento, ele participava do Governo do seu antecessor, que o indicou para sucedê-lo. Infelizmente, no cenário mais otimista, teremos um longo e tenebroso inverno de 04 anos pela frente.
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