Até recentemente, publicamos no nosso blog um artigo do professor Michel Zaidan sobre o ofício do magistério. Zaidan falava de uma experiência pessoa de 40 anos no magistério, mas, nas linhas e entrelinhas do texto observa-se sua preocupação em descrever as características do ato de ensinar, algo que, certamente, está na raiz de tanta receptividade ao texto, excetuando-se dessas conclusões, claro, o enorme carinho de gerações de estudantes que tiveram a grata oportunidade de serem alun@s do mestre. Sobretudo nesses tempos bicudos do exercício do magistério - onde um percentual expressivo de professores, fragilizados por inúmeros fatores - estão deixando a profissão - era um típico artigo a ser debatido em sala de aula.
Este artigo nos veio à mente por ocasião do encerramento da greve dos professores no Estado de Pernambuco. Tenho ouvido muitos comentários a esse respeito, não necessariamente aprovando a decisão da categoria. Seria até natural que alguns professores desejassem que a greve fosse mantida. Mas, a rigor, o que nos incomoda é aquela sensação de "desamparo" e "frustração" da categoria, entre aqueles que decidiram por voltar às aulas, que parecem ter sido vencidos pela cansaço, pela pressão do Estado ou talvez induzidos a tomarem uma decisão pela ausência de liderança da categoria que os representa. Que danado de força levantou a mão daqueles professores? Parecia mais um culto neopentecostal ou uma assembleia de partido comunista daqueles tempos. A mesma pergunta que se fez o filósofo francês, Louis Althusser, quando, numa reunião do Partido Comunista Francês, levantou a mão apoiando a expulsão da própria esposa dos quadros da agremiação.
Como diria o cancioneiro popular, se fosse perto todo mundo ia, se fosse raso ninguém se afogava, se fosse frio ninguém se queimava. É só colocar o Zé Ramalho na vitrola. Desde o início que estamos informando que esse embate não seria fácil, dadas as circunstâncias de um Estado com as finanças comprometidas pela LRF, uma esfera federal com a tesoura amolada e perspectivas econômicas nada alentadoras. A multa aplicada ao SINTEPE já chega a um milhão e meio de reais. Curiosamente, até os órgãos de fiscalização do Estado chegaram a se pronunciar, informando que não aconselhariam ao Estado conceder o reajuste requerido pela categoria dos professores. O quadro era, realmente, muito nebuloso.
Por outro lado, também não se pode negar que faltou brio nessa decisão. Faltou, se nos permitem, altivez. Pareceu mais uma capitulação diante das inúmeras pressões. Lamentavelmente, isso vem sendo assim explorado pela imprensa, que trata a questão como uma vitória do governador Paulo Câmara. Em última análise, talvez possamos concluir por uma "precipitação" da categoria em decretar a greve? Por que somente agora são invocados outros instrumentos de resistência ou desobediência? Por que esses instrumentos não foram pensados antes da decretação da greve? Como fica a situação dos professores penalizados durante o processo?
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