A polêmica envolvendo o jornalista Ricardo Boechat e o pastor Silas Malafaia, a julgar pela repercussão que vem alcançando pelas redes sociais, possivelmente, suscitará ainda mais as animosidades e atos de intolerância entre segmentos evangélicos e GLBT. Com um agravante: agora novos atores parecem desejar entrar nessa polêmica. Num momento bastante delicado, quando os atos de vandalismo e intolerância religiosa e de orientação sexual proliferam por todo o país. Ainda ontem foram registrados, em Uberaba, ataques ao túmulo do líder espírita Chico Xavier. A princípio, os comentários do jornalista Ricardo Boechat foram sensatos e coerentes. O que ele havia afirmado - e nisso, com o perdão dos evangélicos, ele tem razão - é que alguns líderes religiosos, com a sua conhecida verve apurada, em seus cultos, ao invés de apaziguarem os rebanhos, estavam contribuindo, isto sim, para incitar o ódio e a intolerância. O que se seguiu depois foi uma sequencia de erros, culminando com a expressão: "vai procurar uma rola, Malafaia". Malafaia é a polêmica em pessoa. Nunca vi alguém gostar tanto de aparecer. Não iria perder a oportunidade de "comentar" as declarações do jornalista Boechat e, de quebra, desafiá-lo para um duelo. Sim. Duelo. Não seria certamente um debate, como aqueles que já ocorrem na Band, a exemplo do Canal Livre. Boechat mordeu a isca. Usou o microfone da emissora para dizer umas verdades sobre esses pastores, algo que milhões de pessoas gostariam de dizer. Daí a enorme repercussão e a sensação de que Boechat "nos representa" ou "nos sentimos aliviados, de alma lavada". E isso não necessariamente pela "rola", mas pelo desvelamento de uma prática de enganação, de utilização da fé alheia, de enriquecimento ilícito. Como disse o jornalista, alguns deles atuam como verdadeiros picaretas mesmo. "Rola" é o que menos importa neste caso. Com o termo, Boechat foi bastante infeliz - apesar dos aplausos - possivelmente abrindo uma polêmica no campo jornalístico onde atua; se indispondo com os grupos GLBT que consideraram vulgar e inadequado o termo; além de apimentar o "duelo" com o Silas Malafaia. Agora a "guerra santa" ou "fogueira do inferno" ganhou alguns ingredientes novos, num momento, repito, bastante crucial.
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