Pelas redes sociais, somos informados que o candidato Ciro
Gomes(PDT-CE) resolveu suspender sua pré- candidatura presidencial, depois que
o seu partido votou a favor da PEC dos precatórios - ou seria do calote? - que suspende o pagamento de precatórios já homologados,
gerando caixa para alguns projetos do Governo Federal, inclusive o Auxílio Brasil, estipulado em R$ 400,00, que será pago durante um ano, uma espécie de substituto do Bolsa Família. Ocorreram 25 votos da oposição, 15 dos quais do PDT. Ciro, naturalmente, era
contra a proposta, embora o seu partido tenha resolvido dar uma força ao
Governo de Jair Bolsonaro(Sem Partido). A vitória foi muito comemorada por Arthur Lyra(PP-AL), argumentando que, agora, seria possível socorrer os mais pobres, combatendo a fome, que já atinge 20 milhões de compatriotas. Sabe-se que o entusiasmo do Presidente da Câmara dos Deputados não está relacionado aos 30 milhões que serão gastos com o pagamento do Auxílio Brasil, mas em relação aos 60 milhões que serão distribuídos com a base aliada. Coerentemente, Ciro advoga que, para pagar o benefício, não seria necessário recorrer a esse extremo, pernicioso às finanças públicas.
Motivação mais justa não teria, quando se pensa nos milhões de desamparados, em alguns casos decorrentes dos reflexos da pandemia que assolou o país. Só que jamais poderia ser obtida através desse artifício, que trará consequências desastrosas para as contas públicas, além de não resolver os problemas dos famintos, cujos benefícios serão corroídos pela inflação alta, custo de vida elevado, desenvolvimento econômico precário, insegurança dos investidores, desemprego e perdas significativas de renda. Essa irresponsabilidade fiscal, se, de fato, aprovada, ficará muito cara.
Como ainda haverá uma segunda votação e apreciação no Senado Federal, Ciro Gomes espera que até lá a bancada pedetista repense sua posição, reestabelecendo o diálogo com o candidato. Esta é a quarta tentativa do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes tornar-se um candidato competitivo na corrida pelo Palácio do Planalto. Diferentemenete de outros momentos, desta vez ele vem tentando fazer tudo certinho, procedendo ajustes aqui e ali, sempre com o propósito de superar seu teto de eleitores que sempre esteve ali na casa dos 10% e 12%. Insuficiente, portanto,para viabilizar seu projeto de tornar-se inquilino do Palácio do Planalto. Seria curioso entender porque, ao longo três candidaturas, ele nunca conseguiu furar esse teto.Inteligente, preparado e comedido em termos de finanças públicas, ele não endossou a proposta de furar o tetos dos gastos. Mas, o teto da "densidade eleitoral', este sim ele até gostaria de furar.
Há uma estabilização do seu eleitorado. E ele sabe que precisa superar essa barreira eleitoral. Esforços do candidato neste sentido não faltam. Internamente, o seu staff de campanha pondo em prática algumas estratégias de comunicação inovadoras, com este propósito, depois que o publicitário baiano, João Santana, assumiu o seu comando. O candidato tem explorado bastante as mídias sociais, apropriando-se de sua linguagem, estabelecendo um link permanente - e mais orgânico - com o eleitorado que o acompanha. Embora seja perceptível alguns acertos dessas novas estratégias, este fato ainda não se reflete nas pesquisas de intenção de voto mais recentes, onde ele ainda continua amargando seus patamares históricos.
Na última delas, a divulgada recentemente pelo XP-IPESPE, ele crava 11% das intenções de voto. A turma do Nem Nem, ou seja, aquele contingente de eleitores que não pretendem votar nem em Lula nem em Jair Bolsonaro, soma 30% do eleitorado. O curioso é que esse contingente está, para usarmos uma expressão rocorrente, nas “nuvens”. E talvez continue onde está, pois pode ser que não se viabilize um nome pela raia da terceira via. Há, pelo menos, 10 pretendentes a este posto, mas, como observou um articulista da revista Veja recentemente, quem tem 10 não tem nenhum. Há, evidentemente, um problema de comunicação entre esses eleitores e os candidatos que aí estão. Nesta categoria se inclui, inclusive, o Ciro Gomes(PDT-CE) que, embora tenha maior tempo de estrada e espertise, ainda não conseguiu preencher essa orfandade. Na realidade, não há cara nem programa que aproxime esses eleitores de um candidato, como discutimos em editorial recente.
Pesquisas qualitiativas - sem querer ensinar o Pai Nosso ao vigário - meu caro João Santana - poderiam lançar luzes sobre os dilemas enfrentados pelo candidato. Há quem sugira que seu passado lulista o condenaria junto aos eleitores que tem ojeriza ao ex-presidente.Por outro lado, os lulistas roxos( ou seria vermelho?) também não se inclinariam a votar nele de jeito nenhum, depois daquela viagem a Paris por ocasião do segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Execrado por viajar a Paris não deve ser nada agradável.
Há quem sugira que, em alguns momentos, ele ficaria muito parecido com um Bolsonaro de centro ou de esquerda. Isso explica porque ele vem batendo forte nesses dois candidatos, buscando estabelecer o seu espaço entre ambos. Ainda não conseguiu, sabe-se lá se conseguirá. Ainda teremos um longo percurso até as eleições presidenciais de 2022,mas, há, também, muitos arranjos pela frente. Todos os dias surgem especulações sobre quem poderia ser o vice de Lula. Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, passou a compor a bolsa de apostas.
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