No Brasil, não é incomum a criação de neologismos políticos, embora alguns deles venham revestidos de profundos simbolismos, como este relacionado à operação Lava-Jato, que se apresentou, a princípio, como uma operação com o propósito de punir infratores envolvidos com práticas de caráter pouco republicanos na condução dos negócios públicos, mas que, ao final,utilizou-se de métodos pouco convencionais - em alguns casos, extrapolando as regras do jogo estipulado pela arena legal - e conduziu seus trabalhos orientado por um viés demasiadamente político. Não por caso, o sociólogo Jessé de Souza, ao tratar deste assunto, cunhou a expressão: o partido político da Lava-Jato.
Como já afirmamos por aqui em outras oportunidades, o STF, com a morte do ministro Teori Zavascki, perdeu uma enorme oportunidade de frear os desvios,excessos e equívocos da República de Curitiba. Zavascki seria o relator da Operação Lava-Jato junto ao STF. Diante de sua seriedade e espertise jurídica, lamentavelmente, não tivemos acesso ao seu relatório, muito provavelmente demolidor. Áudios vazados e outras evidências, porém, deixariam muito claro as suas fragilidades jurídicas ao longo de todo o processo. Há suspeitas de que até delações premiadas chegaram a ser forjadas, construídas por pessoas que teriam o dever legal da "isenção" na condução dos processos envolvendo agentes públicos e privados, o que oportuinizaria a possibilidade de julgamentos mais justos.
Como mais uma evidência de seus contornos políticos, desta vez, proeminentes atores que estiveram relacionados a esta operação, anunciam que tentarão a sorte na política, disputando cargos eletivos nas próximas eleições, em alguns casos, possivelmente em busca das prerrogativas legais a quem exerce um mandato parlamentar. O ex-juiz Sérgio Moro apresenta-se ao eleitorado já com um start de 10% do eleitorado, de acordo com a última pesquisa de intenção de voto, realizada pelo XP-IPESPE. Não deixa de ser um escore de partida razoável, mas ele se encontra entre aqueles que tentam conquistar o eleitorado da terceira via, que tem se mostrado bastante reticente aos nomes até agora apresentados. Pelo menos 10 nomes estão aqui "embolados".
Embora os dirigentes do Podemos assegurem que possuem pesquisas internas favoráveis ao ex-ministro, que poderia crescer na esteira da tese do paladino da justiça, aquele que, de fato, enfrentou o problema da corrupção no país e colocou gente graúda na cadeia, difícil saber se ele poderia superar as denúncias de irregularidades na condução dos trabalhos daquela operação - que macularam sua imagem junto a um eleitorado minimamente mais consciente - assim como as rusgas deixadas por sua passagem no Ministério da Justiça, onde enfrentou diversos embates com o presidente Jair Bolsonaro(Sem Partido).
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