Uma espécie de cruzada anticorrução, liderada pelo ex-juiz Sérgio Moro, foi, basicamente no que se transformou a Lava Jato, antes, naturalmente, que seus métodos fossem duramente questionados e até decisões retificadas por instâncias superiores, como o STF. Segundo observam alguns analistas políticos, naquele timing, Moro seria imbatível numa corrida presidencial, sobretudo num país com um histórico de corrupção estrutural como o nosso. Suas decisões colocaram muitos peixes graúdos na cadeia, principalmente da classe política, e este fato alcançou uma grande repercussão no imaginário da população, colocando-o como um grande justiceiro, alguém que teve a coragem de enfrentar esse grave problema do país.
Isso, naturalmente, antes que todo o edifício fosse desmoranando - depois dos vazamentos dos áudios comprometedores - demonstrando uma absoluta fragilidade em seus métodos e resultados alcançados, como a condenação sem a observância de ritos legais primários, como as provas concretas dos crimes ou delitos imputados aos réus. Moro, evidentemente, saiu chamuscado desse processo, principalmente entre um eleitorado mais informado e consciente, menos infenso aos impulsos.
Sejemos bastante objetivo com os nosso leitores e leitoras. Moro não está "pronto' para ocupar a Presidência da República, como ele tentou sugerir em sua entrevista ao apresentador Pedro Bial. Seja por não ser um estudante aplicado dos problemas do país, seja por ter demonstrado, em sua conduta, algumas atitudes que não o credenciam ao cargo. Ele tem apresentado ao público uma equipe de bons nomes, capazes de construir uma plataforma de gestão do país em suas áreas específicas. São profissionais experientes e qualificados. Mas ele, em particular, ainda não está preparado. Talvez seja exatamente por isso que a sua assessoria preparou um discurso onde ele se dirigisse à população de uma maneira mais ampla, não se limitando a famosa nota só do combate à corrupção. Até uma tal de força tarefa para enfrentar a fome foi mencionada. Se, um dia, ele chegar ao Planalto, espero que essa força tarefa siga outros métodos.
Em sua primeira entrevista ao apresentador Pedro Bial, da Rede Globo, ficou famoso um questionamento do apresentador acerca de sua preferência de leitura. Ele informou que gostava de ler biografias. Quando questionado sobre qual o último livro que leu, ele não soube responder. E, por falar em biografias, será que ele já adquiriu a biografia de Lula, escrita por Fernando Moraes? Seria uma boa sugestão.No nosso último editorial, abordamos a questão dos intérpretes do Brasil, algo para muito além dos chamados "cânones sagrados", como Gilberto Freyre, Caio Prado Junior e Sérgio Buarque de Holanda. Eles não deixam de ser importantes - imprescindíveis até - mas existem outros estudiosos e pesquisadores que se debruçaram sobre a questão de entender este país, como Francisco de Oliveira, Josué de Castro, Roberto DaMatta, Darci Ribeiro, Milton Santos, Celso Furtado, entre outros. Será que ele leu Elegia Para Uma Re(li)gião? Pedagogia do Oprimido? Geografia de Fome? A Natureza do Espaço: Tempo, Razão e Emoção? Muito pouco provável.
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