Não faz muito tempo, a imprensa informou que os estrategistas de campanha do candidato do Podemos à Presidência da República, Sérgio Moro, estavam definindo uma estratégia sobre como estabelecer um diálogo com os evangélicos, de olho na próxima eleição presidencial de outubro. Iriam entrar com cuidado - só no sapatinho - para não espantar o rebanho, tradicionalmente vinculado ao núcleo duro dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro(PL). Aliás, na última eleição, tal apoio foi fundamental para a eleição de Jair Bolsonaro. Num passado recente -leia-se a última eleição onde Dilma Rousseff(PT-MG) sagrou-se vitoriosa - o PT frequentava os círculos de oração e não perdia uma lição dominical.
Ao longo dos anos, foi perdendo essa capilaridade, tornando-se no dizer dos evangélicos, um "desviado". Mas, como recomenda as próprias escrituras sagradas, o bom filho pode retornar à casa e já existe bons interlocutores petistas neste meio tentando fazer de Lula um "novo convertido". Mas, por outro lado, não se tem dúvidas sobre a hegemonia do atual presidente Jair Bolsonaro entre esse eleitorado. Curiosamente, em razão das disputas políticas em Brasília, esboça-se,no meio, uma possível divisão. Setores organicamente ligados ao PP, o rebanho comandado pelos bispos RR Soares e Edir Macedo esboçam uma insatisfação com o presidente Jair Bolsonaro.
Edir Macedo, por exemplo, não teria engolido a protelação da indicação do bispo Marcelo Crivella para uma embaixada na África do Sul. Mas isso não quer dizer muita coisa, se considerarmos as afinidades de pautas entre este Governo e os segmentos evangélicos. O problema de Lula é mais complexo. Além de ter perdido terreno ao longo dos anos, ainda enfrenta as dificuldades de articular-se com tais segmentos, sem perder espaço, por exemplo, entre os grupos feministas, na agenda de costumes. Questões de gênero no currículo escolar, as polêmicas em torno do aborto, além de outros temas não menos polêmicos.
Salvo melhor juízo, em termos percentuais, os evangélicos constituem um eleitorado em torno de 20% do total de votantes. É um percentual bastante expressivo e pode fazer a diferença numa eleição, como, aliás, já fez nas eleições mencionadas acima. Eis aqui uma questão que intriga - e preocupa - o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que diz não conseguir entender como o PT perdeu esse contato. Muito simples. Ao longo dos anos, o PT passou por um processo de oligarquização e perdeu adubo orgânico, ou seja, com as bases. Salvo melhor juízo, no passado o PT tinha núcleos organizados por evangélicos, no partido, apenas para fortalecer esses vínculos.
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