pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Tijolinho: "Severino Bucho-Azul" foi selecionado
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Tijolinho: "Severino Bucho-Azul" foi selecionado


Machado de Assis dizia que o conto era um dos gêneros literários mais difíceis. Quando Machado de Assis diz alguma coisa, é preciso levá-lo a sério. Machado foi bom em tudo que escreveu, inclusive no gênero conto. O conto reúne muitos elementos comuns ao romance, mas o cabra precisa ser hábil para contar a estória em poucas - mas bem traçadas - linhas, prendendo a atenção dos leitores até o desfecho final. Um conto amplicado, em alguns casos, pode se tornar um romance, porque, ali, já se encontram os elementos fundamentais para desenvolver uma boa estória. Foi o que ocorreu com o nosso primeiro romance. 

Numa linguagem concisa, prosáica, recheado de elementos telúricos, mas sempre seguindo uma lógica interna bem definida pelo gênero, produzimos alguns contos experimentais, muito mais como uma espécie de treinamento pessoal, algo que nos impusemos com uma disciplina espartana. Nessas viagens, já levamos Ray Bradbury, autor de Fahrenheit 451, ao Alto da Sé, aqui em Olinda, onde ele se mete numa tremenda confusão com bolsonaristas negacionistas. Não sabemos se todos os bolsonaristas são negacionistas, enfim. Isso, naturalmente, depois de experimentar as tradicionais tapiocas recheadas do local. Não ficamos por aqui. Depois, fomos a Paris, para conversar com Jean-Luc Godard sobre a sua fase maoísta, que ele passou a considerar ainda mais importante do que o período do Nouvelle Vague. Acabamos desembarcando em Cuba, num turismo revolucionário, mantendo um diálogo primoroso com Thomaz Gutiérres Alea, com o propósito de concluir nosso trabalho num curso de cinema e marxismo. A ficção nos leva para qualquer luga.  

Mas, foi um conto ambientado em Paulista, que fica na região metropolitana do Recife,  a nossa cidade natal, o selecionado por uma Academia de Letras para uma publicação, entre milhares de concorrentes,de todos os Estados da Federação e de diversos países, conforme observaram os organizadores. É um conto simples, mas está muito bem construído como gênero conto, uma característica que deve ter levado os jurados a escolhê-lo para publicação. O conto tem alguns elementos ficcionais, mas, de fato,  Severino Bucho-Azul existiu. Era um ex-vigia da Companhia de Tecidos Paulista, que morava nos arrabaldes da Vila Operária, num sítio cheio de araçás, ingás, mangas rosa e sapotis, onde os meninos locais exercitavam suas diablices de infância. 

Ganhou essa alcunha dos moradores locais em função de uma cirurgia no abdômen, que lhes deixou uma enorme cicatriz, segundo dizem, azul. Andava sempre de camisa, para escondê-la do público, mas curiosidade de criança é terrível, como bem sabem os leitores. Depois de muitas investidas sem sucesso, conseguimos um flagrante numa bela manhã, bem cedinho,escondido por trás dos pés de bananeira,  quando o caboclo ainda escovava os dentes no quintal. Como, nessa época, água encanada era algo raro, era comun as pessoas se dirigiram ao fundo da casa com um caneco cheio de água e uma escova de dentes. Ele se permitiu o discuido. Estava sem camisa e deu para observarmos a enorme cicatriz. Ao contrário do que se dizia, não era azul, mas verde. Corria o boato, entre os moradores da Vila Operária, que, depois de tantas maldades cometidas durante o ofício de vigia, ele passou a virar lobisomem nas noites de lua cheia, mas isso vocês poderão ler no próprio conto, que será distribuído em diversas bibliotecas e outros centros de interesse literário no país e no exterior. Melhor notícia depois de ter superado uma Covid-19.    

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