Enquanto os homens aram mais retraídos, as mulheres, embora reticentes no início, se mostravam bem mais à vontade em relatar os fatos. Estreou na argentina, em Buenos Aires, precisamente, o documentário "Translados", do cineasta Nicolás Gil Lavreda, que aborda os famosos voos da morte, um expediente utilizado pela ditadura daquele país para assassinarem seus opositores. Os voos da morte consistiam em dopar as vítimas e atirá-las ao mar ou ao Rio da Prata. Nicolás reuniu relatos de pessoas que sobreviveram; depoimentos de agentes de Estado que participaram ou que conheciam detalhes sobre essas atrocidades; além de documentos que puderam ser confirmados, como relatórios dos serviços de inteligência.
Um dos casos mais emblemáticos é o de um grupo de mulheres ligadas a Igreja Católica, que foram deduradas por um agente infiltrado. O agente foi condenado, assim como outros tantos militares e civis que estiveram envolvidos com violações graves dos direitos humanos naquele país. Durante a exibição, com casa cheia, as pessoas aplaudiram e se emocionaram com as cenas mostradas no documentário. Até recentemente foi produzido um outro documentário sobre um grupo de estudantes secundaristas desaparecidos e mortos depois de reclamarem sobre a concessão de um benefício de transporte público. É sempre bom que essas verdades venham à superfície através das câmaras desses jovens cineastas.
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