Li bastante sobre o Governo de Luiza Erundina
em São Paulo. Alguns bons trabalhos foram produzidos sobre sua gestão,
como a disssertação de mestrado do cientista político Cláudio Gonçalves
Couto, hoje pesquisador da Fundação Getúlio Vargas. A entrevista
concedida pela ex-prefeita ao Portal Carta Maior tem a marca do
equilíbrio e do amadurecimento político. Se critica o PT pelo
afastamento dos movimentos sociais e pelos acordos mantidos com setores
da elite, reconhece que a agenda das manifestações de rua coincidem com
as propostas do modo petista de governar que, infelizmente, não puderam
ser adotadas em sua gestão, como o tarifa zero. Criou-se uma grande
expectativa dentro do partido sobre o seu Governo. Assim como ocorreu em
Diadema, no comando do Executivo, petistas mais radicais pensavam que
ela poderia promover as reformas de base reclamadas pela sociedade
brasileira, por decreto. Embora entendesse que deveria inverter as
prioridades de políticas públicas em favor dos menos favorecidos, ela
tinha a dimensão que governava uma cidade complexa e precisava negociar
seus projetos com um conjunto de forças antagônicas. Essa percepção não
era observada pelo conjunto da militância, o que gerou muita tensão no
seu Governo, prejudicando-o sensivelmente. Embora critique o PT, o seu
PSB, apesar do discurso de "Nova Política", vai se aproximando, cada vez
mais, de uma agenda de direita. Agora, uma coisa não se pode deixar de
reconhecer em Erundina: Parece uma pessoa bem-intencionada.
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