O escritor Gilberto Freyre foi um dos pioneiros no estudo da sociologia da alimentação. Hoje esse assunto é um dos mais pesquisados e estudados dentro e fora da academia. Através do seu estudo, é possível estabelecer uma série de clivagens sociais, como estratificação, aspectos identitários etc. Em Pernambuco, por exemplo, existe um docinho feito a partir da casca da laranja da terra, acanhado, mas identificador do status social da família. Na França, uma pesquisadora que esteve na Fundação Joaquim Nabuco observou que seria perfeitamente possível aos estrangeiros identificarem a "Casa dos Brasileiros". O cheiro do tempero é inconfundível. No Nordeste, por exemplo, é perfeitamente possível identificar a cozinha da Casa Grande e a cozinha da Senzala. O bolo Souza Leão, por exemplo, traz até no nome a sua origem. Aqui pelo blog, não raro, costumo fazer ilações sobre a gastronomia. Acho muito divertido. Ontem afirmei que, na década de 80, quando vinha a Pernambuco e visitava sua cidade natal, Caetés, Lula gostava de saborear uma chã de bode acompanhada de feijão verde, um suco de umbu e um pedaço de rapadura de sobremesa. Alguém acrescentou que só faltou incluir a tradicional cachaça, possivelmente acrescentada de um tira-gosto de preá, muito comum nas cidades do interior.
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