13 de outubro de 2013 | 07:24
A Rede Sustentabilidade, essa legenda que se tornou meio fantasma, espécie de facção dentro do PSB, voltou a emitir sinais de vida nos últimos dias. Mas tão discretamente que ninguém repercutiu. A cúpula da Rede soltou, na sexta-feira à noite, uma carta aberta para “repor a verdade” sobre as declarações de Marina Silva feitas à imprensa logo após o anúncio de sua adesão ao projeto presidencial de Eduardo Campos.
Novamente, é curioso que os conteúdos da Rede, legenda que é vista como o novo “fenômeno” das redes sociais, sejam um fiasco tão grande em termos de repercussão na internet. Quase ninguém comenta ou curte. Não juntariam meia dúzia na Praça Tahir…
Entretanto, o remendo ficou pior que o soneto. Em primeiro lugar, não dá para entender nada. Nunca vi uma coisa tão melancolicamente confusa na minha vida. E olha que demoraram uma semana inteira para escrever a carta!
Mas é interessante analisar o texto, porque se pode ler várias coisas em suas entrelinhas. Meus comentários vão intercalados entre colchetes, em negrito. Vamos lá.
*
Sentimos a obrigação de nos manifestar para repor a verdade
By Rede Sustentabilidade, 11 de outubro de 2013
Carta Aberta sobre a matéria “Marina diz que quer acabar com a hegemonia e o chavismo do PT na presidência da República”
Nós, abaixo-assinados, que participamos da reunião relatada nesta matéria, publicada pelo Globo On Line no dia 05 de outubro vimos a público para repor a verdade. O relato que fizeram para os jornalistas é totalmente fantasioso. Os diálogos publicados nunca existiram e os fatos estão completamente distorcidos.
As distorções começam pelo relato da comunicação inicial da Marina de que seria candidata a vice na chapa presidencial de Eduardo Campos. Marina comunicou uma coligação programática da Rede com o PSB, onde este partido reconheceria a Rede como um partido de fato e ofereceria a possibilidade de filiações democráticas e transitórias a integrantes da Rede que quisessem se candidatar. Comunicou que ela se filiaria nessas condições e que reconhecia a candidatura de Eduardo Campos, mas seu papel seria discutido posteriormente podendo até ser vice na chapa.
[O primeiro parágrafo fala em "distorções", para em seguida confirmar o teor das matérias publicadas na imprensa. Observe o final do parágrafo:
Comunicou que ela se filiaria nessas condições e que reconhecia a candidatura de Eduardo Campos, mas seu papel seria discutido posteriormente podendo até ser vice na chapa.
"Podendo até ser vice".
Os membros da Rede deveriam ler mais os blogs "sujos" para saber o que é distorção de verdade. Perdoem-me a expressão, mas essa carta é uma frescura sem limite, e desnecessária, porque antes confirma tudo que foi dito pela imprensa. A distorção, se houve, foi pequena e no sentido de ajudar Marina.]
A reunião durou mais de 4 horas, Marina falou nos primeiros 30 a 40 minutos e ouviu o resto do tempo. Ela não poderia ter relatado sua conversa com Eduardo Campos por telefone, pois ambos conversaram pessoalmente em encontro marcado por outros interlocutores. Não precisaria desta carta, assinada pelas pessoas que participaram da reunião, para que as pessoas minimamente informadas duvidassem de um diálogo por telefone em que Marina diz abruptamente ao governador de Estado e candidato a presidente da República que vai ser sua vice e vai se filiar ao partido que preside, sem qualquer introdução, discussão do momento político ou contextualização. Na reunião de que todos nós participamos, não houve relato de conversa nos termos publicados na matéria.
[Este parágrafo é inteligível. Melhor deixarem o redator dormir um pouco e tentar de novo pela manhã.]
As distorções continuam com a afirmação de que Pedro Ivo estava por fora do acordo. A reunião aconteceu logo após o encontro de Marina com Eduardo Campos, em que tiveram presentes Walter Feldman, Bazileu Margarido, Sergio Xavier e … Pedro Ivo. Era impossível ele estar por fora. Ele conhecia e se manifestou na reunião favoravelmente ao acordo, ao contrário do questionamento que foi descrito na matéria. Outro fato descrito aos jornalistas que inexistiu.
[Este parágrafo é um cafuné no Pedro Ivo. Como se alguém desse bola para Pedro Ivo, ou soubesse quem ele é.]
Marina não disse que estava sem alternativa, mas que estava segura de que essa era a melhor alternativa. Argumentou sobre os prós e contras das demais alternativas, que são de conhecimento público, como não ser candidata ou ser candidata a presidente por um dos 7 ou 8 partidos que ofereceram legenda. Houve reação diversa. Muitos ficaram contra, como diz a matéria, mas muitos foram a favor. Houve um debate político profundo e não uma imposição primária que não condiz com a riqueza de posicionamentos que todos nós participamos.
[Só confirma o dito pela imprensa. A expressão "Debate político profundo..." é novo sinônimo de "conversa pra boi dormir"...]
Por fim, o relato feito aos jornalistas tira do contexto e distorce as palavras de Marina em relação ao PT e ao chavismo. Marina disse realmente que seu projeto não era ser presidente da República, mas discutir uma agenda para o Brasil. Ela se referiu, sim, ao chavismo, mas num contexto de uma candidatura que havia sido cassada (a dela) e outra que sofre pressões públicas para desistir (do Eduardo Campos). Não é segredo a tentativa do governo de reduzir as alternativas de escolha da sociedade pela manipulação de falsas polarizações, uma das características marcantes do chavismo. Não houve comparação ao chavismo em relação a questões econômicas, de relações internacionais ou de supressão das liberdades individuais, por exemplo, mas apenas de estratégia de polarização política.
[Confirma que ela se referiu ao chavismo. Quanto ao "contexto", aí é para morrer de rir. Marina Silva agora, toda vez que falar à imprensa, terá que distribuir um livretinho com notas explicativas sobre o "contexto" de cada expressão usada. Alguém deveria sugerir aos membros da Rede assistirem à série House of Cards, da Netflix. Lá, aprenderia com o personagem de Kevin Spacey que, em política, se você precisa se explicar, já perdeu a batalha de opinião. No caso em questão, nem se trata de batalha. Ela tinha a mídia toda a favor, e ainda assim vem reclamar de distorção? E por causa de firulas totalmente insignificantes? Marina está me saindo muito pior que Chávez, porque este reclamava da imprensa com motivos reais: tentaram lhe dar golpe, e lhe xingavam dia e noite. Marina reclama da imprensa que lhe bajula.
A Rede confirma que Marina falou em chavismo. E num "contexto" ainda mais ofensivo do que o ventilado pela imprensa. Era melhor nem vir com essa explicação ridícula. Ninguém na imprensa ou na rede, interpretou o "chavismo" de Marina como isso ou aquilo, mas simplesmente como uma grosseria política, um cacoete semântico de uma pessoa de direita.]
Sentimos a obrigação de nos manifestar para repor a verdade e afastar completamente uma versão contada de forma enviesada, distorcida, por que não dizer, cheia de mágoas e de má fé.
[Mágoas, má fé? Por parte da Globo ou da fonte da matéria? Nunca vi uma explicação tão obscura, que confunde muito mais que explica.]
André Lima
Bazileu Margarido
Eduardo Rombauer
Fabio Vaz de Lima
Joyce
Iara Vicente
Marcela Moraes
Maria Alice Setubal
Martiniano Cavalcante
Miro Teixeira
Pedro Ivo Batista
Pedro Piccolo
Reguffe
Ricardo Young
Roberto Leandro
Walter Feldman
Bazileu Margarido
Eduardo Rombauer
Fabio Vaz de Lima
Joyce
Iara Vicente
Marcela Moraes
Maria Alice Setubal
Martiniano Cavalcante
Miro Teixeira
Pedro Ivo Batista
Pedro Piccolo
Reguffe
Ricardo Young
Roberto Leandro
Walter Feldman
Por Rede Sustentabilidade
[Hum... A presença da herdeira do Itaú, Maria Alice Setúbal, nesta reunião, comprova que, com certeza, foi mesmo um "debate político profundo". A Rede de fato inaugura um novo "fazer político". Acabou a hipocrisia. Agora os patrocinadores de campanha participam diretamente das reuniões de cúpula. Seria interessante ver essa moda pegar. A reunião de cúpula do PSDB, por exemplo, poderia chamar um representante de alguma petroleira americana (Chevron?) interessada na privatização da Petrobrás para participar dos debates políticos "profundos" do partido.]
Por: Miguel do Rosário, no site Tijolaço
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