As recentes afirmações da ex-senadora Marina
da Silva, mais uma vez, nos remetem a fazer alguns comentários sobre as
possibilidades - remotas - de mudanças políticas substantivas
no país. Ela pode ter razão ao afirmar que as nossas velhas oligarquias
políticas lotearam o Estado, impedindo mudanças sociais concretas nos
Governo de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff. De fato, as
tradicionais oligarquias permanecem com o seus nacos de poder, gozando
dos seus privilégios e, certamente, impedindo que reformas de base na
distribuição das terras, no reconhecimentos de direitos de minorias
sejam materializadas, apenas para ficar em exemplos simples. No "País
das Alianças", o cientista político Marcel Bursztyn descreve isso muito
bem, afirmando que desde o Brasil Colônia, passando pelo Império e as
Repúblicas, as elites brasileiras sempre acabam firmando um pacto de
interesses, impedino rupturas radicais. Marina advoga que Eduardo Campos
precisa romper com isso. Eduardo faz coro, criticando as alianças
"mofadas" de Dilma Rousseff, mas alinha-se, gradativamente, às forças
políticas conservadoras, do centro para a direita do espectro político.
Como Marina pode propor isso, consorciada com os interesses do capital
transnacional? Aliás, esse mesmo capital que já andou "sabatinando" o
pernambucano, cujas ideias ganham tinta colorida no The Economist, a
bíblia do conservadorismo inglês. O "status quo" político brasileiro é
conservador e reacionário, sobretudo no contexto de uma sociedade
forjada numa dicotomia profunda entre senhores e escravos, onde,
historicamente, apenas foram apresentadas duas possibilidades: aprender a
mandar e apreender a obedecer, seja lá o que isso signifique, inclusive
"os maneirismos" para sobreviver nessa engrenagem. Estão aí o bom
malandro, o homem cordial entre outras figuras emblemáticas como os
áulicos, os homens raparigas. A fauna é grande, mas não vou me alongar.
Hoje o Deputado Federal Ronaldo Caiado, ruralista enrustido, abandonou o
barco neo-socialista, inconformado com algumas declarações de Marina
Silva. Marina agora deu para tentar corrigir Eduardo Campos. Argumenta a
acreana que entrou no projeto com o objetivo de fazer Eduardo romper
com a Velha República, segundo ela, personificada na figura de José
Sarney. Imagina se Eduardo Campos estaria disposto a emendar o bigode
com este senhor, conforme sugerimos. Qual afinal, Dona Marina, foi o
núcleo duro da Nova República que surgiu dos extertores da Ditadura
Militar? Figuras emblemáticas que haviam emprestado total solidariedade
aos militares se travestiram de democratas desde criancinhas.
Macielistas de carteirinha assinada hoje estão muito bem no governo de
coalizao petista, numa evidente demonstração de que os "arranjos"
políticos nesse arremedo de República são capazes de dar nó em água. Só
Deus na causa, Marina. Pay attention!
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