pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Gilberto Freyre gostava mesmo era de literatura e não sabia dançar em inglês.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Gilberto Freyre gostava mesmo era de literatura e não sabia dançar em inglês.


Gilberto Freyre possuía uma inteligência privilegiada, embora apresentasse, na meninice, algumas dificuldades com a leitura. Preocupado com sua aprendizagem, o pai contratou um professor particular que o alfabetizou, primeiro, em língua inglesa. Depois dessa fase, desabrochou de vez, passando a adolescência em universidades americanas, onde conclui um mestrado com uma dissertação sobre a vida social no Brasil em meados do século XIX, embrião de Casa Grande & Senzala. Um dos seus professores teria sugerido transformar o livro numa tese de doutorado, com o que ele não concordaria. A rigor, Gilberto nunca teria sido muito afeito à vida acadêmica, embora frequentasse o ambiente, ministrasse aulas e recebesse suas honrarias. Não sem razão, a primeira reportagem que um jornal local publicou sobre o mestre de Apipucos, em homenagem aos 80 anos de Casa Grande & Senzala, enfatiza o caráter literário da obra, ou seja, une ciência e literatura. Seus mestres americanos também teriam recomendado que ele escrevesse em inglês. Quem sabe estivéssemos diante de um novo Joseph Conrad. Gilberto sempre afirmava que não sabia "dançar" em inglês, algo que ele fazia muito bem em língua portuguesa. Um fato curioso, relatado pelo repórter Geneton Moraes Neto, diz respeito à sua organização mental. Conta Geneton que ele e muitos outros repórteres frequentavam os jardins da Fundação Joaquim Nabuco para entrevistá-lo. Eram papos informais, descontraídos, sobre vários temas. Quando os repórteres transcreviam as conversas, estavam diante de uma artigo muito bem escrito do mestre de Apipucos. Penso que, muito mais que os livros, a paixão de Gilberto era a produção desses artigos, alguns depois organizados em livros. Um professor nosso dizia que os considerava uma produção até mais profícua do que Casa Grande & Senzala. Durval Muniz vai informar que alguns desses artigos, produzidos num período específico, contribuíram bastante para, digamos assim, "inventar o Nordeste". Devo admitir que gostava muito de lê-los, ainda na adolescência, quando eram publicados, sempre aos sábados, no Diário de Pernambuco, que chegava logo cedinho às imediações da Igreja de Santa Elizabeth, no centro de Paulista.

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