Hoje amanheci com a intuição mais apurada. Na medida em que aproxima-se o momento de o governador anunciar o nome de quem deverá concorrer à sua sucessão no Palácio do Campo das Princesas, surgem todo tipo de especulação entre os cronistas de política do Estado. Em algum momento, talvez orientando-se pela sua escolha de Geraldo Júlio para concorrer à Prefeitura do Recife, as previsões indicavam um quadro de perfil técnico, formado entre os seus auxiliares, quem sabe até sem experiência no ramo. Com as movimentações dos quadros políticos e a contingência de uma candidatura presidencial - o que limita seu raio de ação no Estado - as possibilidades indicavam alguém com esse perfil, posto que precisava caminhar com as próprias pernas. Alguém sugeriu que poderia ser um nome sintonizado com a "Nova Política". Então seria alguém da velha guarda, uma vez que essa "Nova Política" não traz nada de novo. O governador poderia encomendar algumas pesquisas qualitativas, indicando, imaginem, alguém que se adequasse à agenda que surgiu das manifestações que ocorreram no país a partir de junho. Comentei sobre a discrepância dessa tese, considerando-se o fato de que a postura e as políticas públicas estaduais se afastarem substantivamente da agenda da rapaziada. Hoje, pela manhã, matei a xarada. Não sei se vocês se lembram de Andrei Gromiko, o eterno ministro das relações exteriores do antigo império da União Soviética. Gromiko, portador de uma habilidade política incomum, sobreviveu a vários expurgos, num império marcado pelo jogo pesado da política, com escaramuças armadas em todas os recantos do Kremlin. Poucos sobreviverem por muito tempo, exceção de Gromiko. Certa vez, numa entrevista, o ex-primeiro ministro Nikita Kruschev - vítima de expurgo - questionado a respeito da "sobrevivência" Gromiko, utilizou uma analogia. Se o chefe mandasse, Gromiko seria capaz de sentar-se numa barra de gelo e só se levantar se o senhor ordenasse. De fato, mas não pelas razões apontadas por uma cronista de política no dia de ontem, o nome será da "cozinha" do Campo das Princesas. Diria mais. De preferência com o cheiro da "inhaca" dos quartos e corredores daquela casa, para lembrar de uma expressão muito ao gosto do escritor Gilberto Freyre. É alguém de fidelidade canina, de absoluta confiança do mandatário, azeitado com os esquemas da máquina. Podem nos cobrar depois. Quem será o Andrei Gromiko tupiniquim?
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