O que deve estar pensando o agora ex-secretário de Defesa Social, Wilson Damázio? Homem experiente, policial graduado dos quadros da Polícia Federal, cair por ter cometido um deslize que poderia ter sido perfeitamente evitado, caso houvesse alguma ponderação, uma reflexão prévia. Começo a imaginar se ele não teria sido vítima de alguma escaramuça, algo muito comum na corporação policial. Estranha o fato de ele ter sido acompanhado, durante a entrevista, pela cúpula de segurança do Estado, inclusive sua assessoria de imprensa. Antes de pedir demissão, um ex-secretário de segurança pública paulista chegou a ser "grampeado" pelos próprios policiais, quando conversava com um jornalista num shopping. Também já colocaram várias dinamites na cadeira de Beltrame. Não houvesse pela frente uma candidatura presidencial, como informou um internauta, ele não cairia. É bastante complicado demitir um secretário de Defesa Social. Eduardo Campos não é movido pelo clamor dos movimentos sociais. Talvez o excesso de confiança? Em todo caso, parece haver algo de podre no reino da Dudulândia, como diria Hamlet. É no que dá extrapolar os parâmetros do Estado Democrático de Direito, agindo com arrogância, prepotência, ignorando o contraditório, não permitindo as legítimas manifestações populares. O Governo Estadual, como alertou o professor Michel Zaidan, cruzou a linha tênue entre interesse público e motivações privadas. É um grave equívoco, expondo seus agentes a adotarem medidas orientadas pelo personalismo, pela imposição de sua vontade, abdicando dos princípios republicanos que regem a sua condição de homem público. Investido de suas funções de Estado, Damázio conversou com a repórter como se estivesse num barzinho aqui em Casa Caiada, tomando uma cervejinha e um caldinho na Manha do Gato. Foi muito infeliz. Perdeu o cargo. O que mais preocupa, no entanto, é que há algo de podre no reino da Dudulândia.
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