pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Michel Zaidan: "Ocupe a UFPE, antes que seja tarde demais".
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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Michel Zaidan: "Ocupe a UFPE, antes que seja tarde demais".


  


Há muitas maneiras e modos de se ocupar o campus universitário da UFPE. A pior delas é pela Polícia Militar. O campus universitário da UFPE tem autonomia política e administrativa, está subordinado à jurisdição federal. Quando um reitor - ou um membro da comunidade universitária qualquer - invoca a presença da corporação militar estadual para resolver alguma contenda ou conflito interno, abre um precedente muito perigoso para outros tipos de ação ou incursão por parte de agentes cujo objetivo deveria ser a proteção das pessoas.
Todo mundo sabe que é muito fácil investir o chamado "Poder de Polícia" de outras funções e missões, não necessariamente republicanas e democráticas. A história das ditaduras civis e militares está cheia de exemplos de como é possível fazer isso. E até hoje, estudamos as consequências dessas operações perigosas.
O Poder de Polícia nunca é neutro, menos ainda num estado de duvidosa constitucionalidade, onde o império da lei oscila ao sabor das conveniências políticas dos mandatários de plantão.
As recentes manifestações estudantis no Campus universitário da UFPE, sob o reitorado de um egresso da esquerda militarizada, foram manifestações contra a privatização dos serviços hospitalares, ambulatoriais prestadas pela Universidade, através do SUS, a quem não pode pagar por um bom plano de saude.
Embora o HC já estivesse submetido ao "modelo operacional" que implicava em cobrança e tratamento diferenciado (segundo um manual publicado), a estratégia do governo federal de privatizar os hospitais universitários, através de uma empresa privada de presação de serviços hospitalares (EBSH) se configura como um crime de lesa-cidadania e uma clara transferência de responsabilidades da parte do gestor público-estatal para uma entidade privada, sem nenhuma vinculação institucional com o Estado brasileiro.
Nós já conhecemos essa manobra e sabemos de suas graves consequência s para a população usuária do Hospital. Sobre ser ilegal, essa medida atenta contra os pilares do Sistema Único de Saude, e vai prejudicar os mais necessitados.
Quando os estudantes se organizaram para protestar contra essa manobra maligna e antipopular, já tinham se manifestado inúmeras vezes nos órgãos colegiados da UFPE e em outros atos públicos com o objetivo de barrar o processo de privatização. A ocupação simbólica do prédio da administração central da UFPE é um gesto de defesa do patrimônio público, patrimônio da sociedade recifense, pernambucana e brasileira. Não era contra ninguém. Era a favor da população.
Chamar a Polícia para reprimir essas legítimas e democráticas manifestações não é só um ato antipedagógico por parte de quem chamou; é fascista. É um ato de intolerância e de incapacidade de lidar democraticamente com os protestos da comunidade universitária.
Os estudantes não quebraram nada. Não destruiram nada. Não surrupiaram nada. Exerceram o seu legítimo direito de protestar contra um ato administrativo que interpretaram como ilegal e danoso para os usuários dos serviços de saude. Poderiam até estender o protesto a outros simbolos de privatização na UFPE, como cursos de Pós-graduação pagos, núcleos de pesquisa pagos, prestação de serviços remunerada etc. Talvez isso seja um começo. Um bom começo.
É preciso lembrar que o principal mandatário da UFPE declarou publicamente que os estudantes da UFPE não são capazes de atentar contra o patrimonio da instituição. E que os excessos poderiam ter sido praticado por gente de fora da comunidade universitária. Bom lembrete: qual é o nome da instituição que costuma infiltrar seus agentes nos movimentos sociais, com o fim de desmoralizá-los e justificar a criminalização de suas ações? = Ganha um doce, quem acertar.
Mais uma vez, somos obrigados a concordar com os Titãs: "Polícia, para quem precisa de Polícia". E, "Viva os estudantes", como dizia a cantora Violeta Parra. Eles são mil vezes melhores do que os professores e os administradores da UFPE: ainda acreditam em princípios.

Michel Zaidan Filho, sociólogo, professor da UFPE

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