No dia de hoje, Dilma e Eduardo Campos, como se diz na região, deverão emendar os bigodes, tanto do ponto de vista pessoal, como o do ponto de vista dos projetos de nação que cada um representa. Pernambuco vem adotando uma política de "Polos de Desenvolvimento" - na ausência de um nome mais apropriado - ou nichos de competitividade, onde estão concentrados os maiores investimentos do Estado. SUAPE e Goiana são exemplos do que acabamos de falar. Não é algo novo. Países como a China, por exemplo, adota política semelhante. Como afirma Michel Zaidan, são verdadeiros enclaves autônomos, com jurisdição própria. O fundamental a ser observado é que a população que vive em seu entorno, não necessariamente, é beneficiária desses investimentos, permanecendo em sua condição precária, sem assistência a saúde, a uma educação decente, a inclusão produtiva etc. Naqueles polos os investimentos são facilitados, há um programa arrojado de isenção fiscal, os danos ao meio-ambiente são minimizados, acordos de natureza não necessariamente republicanos são celebrados, envolvendo o capital internacional. Concretizados esses acordos e findo o prazo dos investimentos ( ou exploração?), os problemas sociais e ambientais se avolumam e essas zonas são entregues à própria sorte, ficando a mercê dos municípios onde estão localizadas geograficamente, que não reúnem condições de propor soluções estruturadoras para o problema, como alerta o professor Michel Zaidan Filho, em artigo publicado em nosso blog. Claramente, SUAPE começa a enfrentar esse problema, com a perspectiva de desligamento de um número expressivo de funcionários, danos ambientais irreparáveis, alto índice de prostituição infantil, etc. Um tremendo abacaxi a ser descascado. Hoje o prefeito de Ipojuca teria sido vaiado em razão dos problemas de mobilidade local, evidenciado o que o professor vem alertando. Em Goiana, a situação não é tão diferente assim. Já existe um alto índice de prostituição infantil - que tende a agravar-se -, o impacto ambiental desses investimentos já estão sendo apontados por estudiosos do assunto, que já prevêem ataques de tubarões nas praias do litoral sul da Paraíba. Até recentemente, uma empresa responsável por investimentos pesqueiros, desmatou manguezais e causou sérios danos na cadeia de sobrevivência da comunidade quilombola de São Lourenço, com a instalação de uma fazenda de criação de camarão em cativeiro. Nem os crustáceos, fonte de sobrevivência da comunidade, conseguem mais se reproduzir. O Governo Federal está desenvolvendo uma espécie de "cinturão" de amortecedores para se contrapor a esses impactos. Dilma vem a Pernambuco exatamente para apresentar as propostas do Governo Federal para o Estado, atingindo Eduardo em seu Estado natal. Deverá se encontrar com Eduardo Campos em SUAPE. No Domingo, o Diário de Pernambuco, ao abordar o assunto, trouxe uma foto que nos deixou muito feliz. A foto de Dona Lourdes, uma representante do culto de "Jurema", também conhecido como Catimbó, da comunidade de São Lourenço, em Goiana. Dona Lourdes é uma pessoa muito querida na comunidade e visita obrigatória de nossas turmas de sociologia a cada semestre.
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