Hoje, dia 22\06, os brasileiros e brasileiras fãs do cantor pernambucano Paulo Diniz amanheceram mais tristes com a notícia do seu falecimento. Paulo foi um excepcional letrista e tinha um estilo de cantar bastante agradável, daí se entender sua legião de admiradores. Uma de suas composições mais festejadas recebe o título de "Põe um arco-íris na sua moringa', uma música agradável, cheia de otimismo, com o objetivo de embalar manifestações de superação das agruras enfrentadas no nosso cotidiano.
Isso, naturalmente, numa época menos complicada do que os dias difíceis enfrentados na atualidade. No seu tempo, não existia a Pandemia da Covid-19, que insiste em ficar entre nós, ceifando vidas continuadamente; não pairava sobre nós as dores de cabeça enfrentadas pela Justiça Eleitoral, tendo que, a todo momento, ser questionada a dar satisfações sobre a lisura de suas apurações eleitorais; não existia a ameaça velada do fascismo e do autoritarismo, alimentado pelas hordas de milíciais digitais e grupos paramilitares, bem ao estilo das SS; O recrudescimento de governos de perfil autoritário, sem o menor pudor ambiental, sem alteridade, sem respeito à diversidade. Com todos esses ingredientes, até mesmo o Paulo Diniz concordaria que seria muito difícil colocar um arco-íris na nossa moringa.
"Tudo é válido e inserido no contexto". O quanto de significado essa expressão poderia sugerir, por exemplo, na década de 60 do século passado? Hoje ela remete a outras interpetrações, não necessariamente de corte republicano ou democrático, quando se pensa, por exemplo no uso deliberado das fake news ou da mentira como arma política com o propósito de destruir os adversários; o boiocote aos legítimos processos de apuração dos pleitos; o constante e sistemático assédio aos expedientes e instituições da democracia. Um vale-tudo despudorado.
O alento, meu caro Paulo Diniz, é que ainda resta um fio de esperança, traduzido, por exemplo, no resultado das eleições do Chile, do México, do Peru, da Guatemala e, mais recentemente, na eleição de Gustavo Petro, na Colombia, país de uma secular tradição conservadora na política. Petro é o primeiro candidato de esquerda democraticamente eleito naquele país. Esteve, durante parte de sua militância política, na clandestinidade dos grupos guerrilheiros.
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