pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Crônica de uma tragédia anunciada.
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sexta-feira, 3 de junho de 2022

Editorial: Crônica de uma tragédia anunciada.



Até este momento, soma-se 128 mortes provocadas pelas última enchente na cidade do Recife e Região Metropolitana. Trata-se de uma crônica de uma tragédia anunciada,uma vez que, com raras exceções e em proporções menos gigantescas, essas tregédias ocorrem com uma certa frequência na capital pernambucana. Recife tem uma população expressiva residindo em áreas ribeirinhas ou nas encostas de morros, vulneráveis, portanto, aos danos produzidas pelas fortes chuvas. O dinheiro público empregado para resolver esses problemas segue um roteiro macabro: O jornal o Folha de São Paulo, em matéria recente, observou que, do montante de R$980 mi, destinado para a área, apenas 17% de tais recursos foram utilizados no período, ou seja, R$164,6 mi; Esses recursos são empregados, quase sempre, em medidas paliativas, como construção de muros de arrimo, construção de escadarias e colocação de lonas plásticas em áreas de risco; Mais grave: boa parte desses recursos são desviados para outras finalidades ou mesmo para os bolsos de alguns espertinhos, num conluio entre agentes públicos e privados. 

Soluções estruturadoras, como a adoção de políticas habitacionais - com construções de moradias viáveis, em locais seguros e adequados - não são adotadas, ou ações que facultem o escoamento correto das águas das chuvas através das galerias raramente são aplicadas. Falta manutenção permanente nas galerias e nos canais, por vezes, com uma parcela de culpa da população que atira o lixo nesses locais. Na construção dessas moradias, além da segurança do solo para as edificações, também precisa ser respeitado o direito à cidade e às condições de subsistência dessa população.

Infelizmente, estamos no Brasil, onde a nossa elite torpe do Brasil oficial mantém seus tentáculos sobre o poder de Estado, beneficiando-se de suas benesses, tratando o povo com migalhas e soluções paliativas para problemas estruturais, que implicariam em ter sensibilidade e vergonha na cara para enfrentá-los. O Brasil real continua atolado na lama, refém das intempéries e campanhas de solidariedade esporádicas, movidas pela "consciência pesada" da classe média protegida. 

Não faz muito tempo, uma tempestade torrencial atingiu várias cidades da Zona da Mata Pernambucana, causando uma enorme calamidade pública. À época, os estudos técnicos bem conduzidos indicaram a construção de quatro barragens para minimizar a possibilidade de novas ocorrências. Os recursos federais até foram liberados, mas, infelizmente foram desviados para outras finalidades, assim, não necessariamente, republicanas. Sabe-se que nossos homens públicos não tem qualquer pudor quanto aos desvios de recursos, independentemente do que está em questão. Nem durante o momento grave da pandemia provocada pela Covid-19 foi respeitada a dor da população.       

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