Recentemente, em virtude dos acontecimentos envolvendo a prisão, pela Polícia Federal, do ex-Ministro da Educação, Milton Ribeiro, passaram a circular pelas redes sociais - convém sempre ter as cautelas necessárias sobre a procedência do que circula nas redes sociais - a versão de que o vazamento de áudio - onde se verifica uma suposta conversa entre o ex-ministro e a filha, com referência a um possível alerta sobre operação de busca e apreensão - poderia ser uma retaliação de setores da Polícia Federal em razão da insatisfação gerada pelo recuo do Governo em não conceder o reajuste para a categoria, que chegou a ser cogitado.
Não vamos, por razões óbvias, ter uma certeza sobre isso nunca, mas a possibilidade existe. Nos Estados Unidos há um caso emblemático envolvendo essas relações nebulosas entre política e o aparato de segurança do Estado. Refiro-me aqui ao famoso Escândalo Watergate. Informações que só vieram à tona muitos anos depois, confirmam que Mark Felt, que ficaria conhecido por "Garganta Profunda" havia sido preterido de suas aspirações de ser nomeado diretor do FBI por Richard Nixon, que optou por outro nome, de sua confiança.
À época ele ocupava o cargo de diretor-adjunto.Ficou a mágoa, transformada em revelações devastadoras para o projeto de reeleição de Nixon, ao fornecer datalhes dos bastidores da invasão à sede do Partido Democrata, localizada no edifício Watergate, tratada, a princípio, como um crime comum. Numa operação, digna dos melhores filmes de espionagem, Mark Felt manteve encontros secretos com os jovens repórteres do Washington Post, Bob Woodward e Carl Berntein, que produziram uma série de matérias sobre o assunto, provocando a reação da sociedade americana em relação àqueles fatos.
Emparedado, Richard Nixon precisou apresentar o seu pedido de renúncia. Era isso ou um impeachment certíssimo. Depois se apurou que as pessoas envolvidas na invasão do Partido Democrata eram agentes do próprio FBI e tratava-se, obviamente, de um crime político. Aparelhos de escuta haviam sido plantados para acompanhar, ilegalmente, todas as movimentações dos adversários. Watergate é um caso que nos permitem muitas lições, sobretudo num país onde banalizou-se o vazamento de áudios comprometedores.
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