A sociedade brasileira, ainda em choque com a ocorrência registrada no Vale do Javari, na região do Amazonas, onde o indigenista pernambucano Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram brutalmente executados - num crime com requintes de crueldades, quando trabalhavam em na defesa dos índios e de suas terras naquela região do país - se depara com mais uma violência contra os indígenas, desta vez perpetrada no Estado de Pernambuco, envolvendo o índio Edvaldo Manoel de Souza,61 anos, da etnia Atikum, segundo os primeitos informes, possivelmente morto em razão das agressões sofridas por agentes do Estado.
Na região do sertão de Carnaubeira da Penha, há 501 km do Recife, segundo os povos da etnia Atikum, que organizaram um protesto contra o ato, a violência política tornou-se recorrente, a despeito das denúncias já encaminhadas às autoridades competentes. Nesses tempos bicudos vividos pelo país, a expressão "autoridades competentes" tornou-se apenas uma referência linguistica, uma vez que, alguns agentes públicos e instituições, hoje, não se orientam, necessariamente, movidas por espírito público, respeito ao ordenamento jurídico ou guiados por uma agenda republicana.
Registro aqui, no entanto, as medidas adotadas pelo Governador Paulo Câmara(PSB-PE), que, de imediato adotou todas as ações saneadoras cabíveis neste caso, como a designação de dois delegados especiais da Polícia Civil para apurar os fatos, abertura de investigação sobre a conduta dos agentes públicos envolvidos, no ambito da Polícia Militar e da Corregedoria-Geral de Polícia do Estado, todo o trabalho com o acompanhamento do Ministério Público. É o que ele poderia fazer como Governador do Estado, é o que se esperava dele.
A besta fera do fascismo parece estar solta neste ambiente político de terra arrasada, com forte influência sobre os agentes públicos e cidadãos comuns, que se sentem acima da lei, do respeito às minorias, conduzidos por um discurso de ódio. Este cenário já seria previsível e tende a agravar-se se não for corajosamente enfrentado. O seu "mecanismo" é perigosíssimo. Na Alemanha pré-nazista há uma cena que evidencia o que afirmamos aqui. Num determinado momento, ocorre um flagrante de crianças alemãs agredindo e atirando pedras contra crianças judias, induzidas pelo "discurso do ódio".
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