Nesta segunda-feira, o melhor programa de entrevistas da televisão brasileira, Roda Viva, da TV Cultura, abre suas portas para o Cabo Anselmo. Supostamente militante da luta armada contra a ditadura militar instaurada no país com o Golpe Militar de 64, Cabo Anselmo ganharia notoriedade por ter traído os antigos companheiros, entregando-os ao aparato repressor da ditadura. Durante o período em que atuou como um infiltrado, Anselmo relata que recebia dinheiro regular dos militares. Há quem assegure que ele sempre esteve do lado dos militares, mas ele nega essa versão. Afirma apenas que teve um encontro com o temido delegado Sérgio Fleury, no qual o delegado teria afirmado que conversaria com ele no dia seguinte. Segundo ele, durante a noite deu-se a conversão. No dia seguinte já estaria colaborando com o aparato de segurança montado pela ditadura, passando informações importantíssimas sobre os aparelhos dos grupos que atuavam na luta armada. Disfarçado, conviveu muito tempo em Olinda, onde o grupo ao qual pertencia mantinha um aparelho no bairro de Rio Doce. Aqui em Pernambuco, Cabo Anselmo protagonizou um dos maiores massacres dos militantes contra a ditadura militar, que ficaria conhecido como "O massacre da Granja São Bento". Os militantes teriam uma reunião agendada para a granja São Bento, no município de Abreu e Lima. Anselmo entregou os companheiros, que foram todos mortos, inclusive uma guerrilheira uruguaia com a qual mantinha um relacionamento e estava esperando um filho seu. Comenta-se que o delegado Sérgio Fleury teria comandado pessoalmente as operações. Antes de seguir para aquele município, ainda teria passado pelo bairro do Janga, onde conheceu a ciranda de Dona Duda. Diante das dificuldades, o cabo Anselmo luta hoje por uma aposentadoria militar, mas a Marinha do Brasil se recusa a apresentar a documentação necessária, alegando a sua não existência, o que aumentam as especulações em torno da tese de que ele sempre exerceu o papel de agente infiltrado.
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