Na sexta-feira (21), após converser com o ministro Orlando Silva, Dilma Rousseff o manteve na poltrona de ministro do Esporte. A julgar pelo que informam as repórteres Cristiane Jungblut e Catarina Alencastro, a decisão só deve ser levada a sério até certo ponto. O ponto de interrogação. Testemunha da conversa, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) declarou o seguinte sobre a permanência do colega: “A presidente vai avaliar, aguardar os próximos dias. Ela tomou uma decisão [na sexta], mas não dá para dizer que temos uma posição definitiva…” “…Ela se recusa a entrar na onda sem fim. A presidente quer ter o direito de fazer a avaliação com calma, atendendo aos princípios da defesa…” “…O governo não quis entrar no clima de histeria. A presidente teve uma atitude de cuidado, de não se prejulgarem os fatos.” Gilbertinho, como o ministro é chamado na intimidade, refutou a avaliação de que Dilma dá a Orlando sobrevida que não deu a ministros que caíram antes dele: “Não difere [a atitude de Dilma]. Das outras vezes, ela também agiu com calma. É que as pessoas [os outros ministros] resistiram menos.” Pediram para sair. Perguntou-se ao presidente do PCdoB, Renato Rabelo, se o refresco servido a Orlando há três dias é garantia de que ele permanecerá no posto. E Rabelo: “Não temos essa ilusão. Há toda uma campanha que persiste em atingir o ministro, para que seja deslocado do governo…” “…É para atingir o ministro e o partido. Não acreditamos que vá arrefecer assim, mas onde estão as provas?! É muita injustiça.” Nesta segunda (24), Dilma viaja para Manaus. Vai inaugurar uma ponte sobre o Rio Negro. A seu convite, Lula participará da cerimônia. Nos últimos dias, o ex-soberano aconselhou o PCdoB e Orlando a “resistirem”. Dilma decerto vai trocar um dedo de prosa com seu patrono. No vídeo lá do alto Orlando Silva –o cantor que encatava multidões, não o ministro—entoa ‘Caprichos do Destino’. Começa assim: “Se Deus um dia olhasse a terra e visse o meu estado /
Na certa compreenderia o meu trilhar desesperado…” “…E tendo ele em suas mãos o leme dos destinos
/ Não deixar-me-ia assim, a cometer desatinos…” “…É doloroso, mas infelizmente é a verdade
/ Eu não devia nem sequer pensar numa felicidade
/ Que não posso ter…” Tudo a ver com a situação do ministro homônimo. Escrito por Josias de Souza às 04h57 |
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