pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O ESTADO ESPETÁCULO - Roger-Gérad Schwartzenberg
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O ESTADO ESPETÁCULO - Roger-Gérad Schwartzenberg

Obra indispensável para quem se interessa por política e por história, que nos faz ver com outros olhos a nossa realidade, a toda hora manipulada pelos donos do poder...

Este livro, já esgotado é raro de ser encontrado, a não ser em bons sebos ou no blog do Jolugue. Hoje vou postar um trechinho dele, relativo ao capítulo intitulado "Os papéis"e que trata dos papéis desempenhados pelos políticos. Tudo um grande espetáculo e, infelizmente, nos dias atuais, trata-se mais de um espetáculo circense (e de muito mau gosto, diga-se de passagem). Durante a leitura desta obra você vai identificando determinados políticos a determinados papéis.(pena que nenhum escolha explicitamente, durante sua exposição na mídia,representar o papel do vilão, quando - na prática, a grande maioria mereceria o Oscar de melhor vilão da política nacional (aliás, o palco não é privilégio de terras tupiniquins! O marketing político é altamente especializado em países mais evoluídos do que o nosso). Mas vamos ao livro, bem mais interessante do que as minhas considerações.

Escrito pelo teórico francês Roger-Gérard Schwartzenberg, o livro mostra, através de um texto interessante e envolvente, como mídia e poder estão atrelados de forma inexorável na sociedade moderna. Claro que, sempre, em detrimento da sociedade, que passa por uma verdadeira "lavagem cerebral", acreditando não nos políticos ou em suas plataformas, mas em verdadeiros atores!É o Estado transformado em uma enorme companhia teatral...

"Para os políticos que colocam a própria pessoa antes do programa", diz o autor, " existe ainda um problema de casting, de distribuição do elenco. Falta escolher um papel, uma imagem".
Sem dúvida alguma, essas vedetes políticas projetam uma imagem de marca heterogênea, feita de diferentes traços e calcada em diversos mitos e emm proporções variáveis. Mas elas se especializam em alguns grandes papéis estereotipados, em algumas personagens grandiosas marcadas até as raias da caricatura.
Com base neste preâmbulo, o autor destaca os seguintes papéis:

Temos o herói: distante, remoto, é o homem fora do comum, o salvador, o chefe providencial e, muitas vezes, o ídolo. Em suma: o equivalente do monstro sagrado ou do deus ex machina do teatro.
(papel predileto do Bush...pena que não colou...
crédito: http://earthhopenetwork.net/Bush_World_Takeover.htm

No Brasil também já tivemos heróis pra dar e vender: o último, quem não se lembra dele? Сhegou caçando marajás e saiu caçado...
Em um próximo post falaremos sobre o papel do Herói mais detalhadamente. Além doCollor, exímio ator deste papel, tivemos o FHC, que se gaba até hoje de ter criado o Plano Real, que - na realidade, foi idealizado por economistas, quando o dito cujo, que de economia entende tanto quanto eu de medicina, era Ministro do Presidente Itamar. Um plano que os jornalistas Gilberto Dimenstein e Josias de Souza já mostraram, em seu livro "A História doReal", ter sido fruto de chantagens, ameaças de renúncias e muitas "maracutaias", como diria nosso atual presidente. Mas isto já é matéria para outro post.
http://www.sebodomessias.com.br/loja/imagens/produtos/produtos/15314_936.jpg
O autor destaca, também, o homem ordinário, o common man, o Sr. Fulano de Tal. Vindo de uma classe B da política. Resumindo: o segundo papel promovido ao primeiro plano.


Temos o líder "charmoso", que se empenha mais em seduzir que em convencer. Em suma: o jovem galã, papel que o nosso caçador de marajás também representou, em medida menor.

Temos o pai da pátria, a figura tutelar compulsória. Em suma: o homólogo do pai nobre no teatro.


(acho fácil relacionar cada um dos papéis aos políticos das fotos,
sendo que um deles encerra, em si, mais de um papel...)

Surgem, finalmente, stars políticas femininas. Algumas delas lembram a diva, a prima donna. Outras se atribuem papéis mais modestos.

Adaptados a este ou aquele momento da conjuntura e da psicologia coletiva, esses diversos papéis se sucedem e seus titulares se prestam quase que a uma rotatividade à frente do Estado ou do governo.

O herói acaba cansando, com o passar do tempo. Como seria possível viver continuamente em plena epopéia? Aparece, então, o homem ordinário, como seu oposto, tão modesto, tão tranquilo. Mas é possível viver sempre mergulhado na banalidade e no tédio? E quando aparece o líder charmoso, que seduz, espanta, mas também inquieta com sua instabilidade. Quem pode viver sempre em meio a transformações ou surpresas? Aí surge o pai. Para tranqüilizar com sua ponderação, sua experiência. Sobretudo nos tempos difíceis.

"Evidentemente não há nada mecânico neste ciclo. Mas, considerando a política destes últimos vinte ou trinta anos, encontramos alguns exemplos.

Nos Estados Unidos, o "herói"Roosevelt precede o common man Truman ou o "homem ordinário" Einsenhower, que antecede o "líder charmoso" Kennedy, que precede o "pai" Johnson."
O autor prossegue:
"Durante a V República, o "herói" De Gaulle precede o "homem ordinário" Pompidou, que antecede o "líder charmoso" Giscard d'Estaing, que precede o "pai" Barre ou talvez, em 1978, algum outro "pai" extraído da atual maioria".
"Todo homem é uma exceção", dizia Kierkegaard. Hoje, porém, todo homem político parece transformar-se em estereótipo.

No próximo post falaremos sobre o papel do Herói mais detalhadamente. Este papel que já foi tão "bem" desempenhado, no Brasil pelo Collor, o caçador de marajás e pelo FHC, que se gaba até hoje de ter criado o Plano Real, que - na realidade,idealizado por economistas, quando o dito cujo, que de economia entende tanto quanto eu de medicina, era Ministro do Presidente Itamar. Um plano que os jornalistas Gilberto Dimenstein e Josias de Souza já mostraram, em seu livro "A História doReal", ter sido fruto de chantagens, ameaças de renúncias e muitas "maracutaias", como diria nosso atual presidente. Mas isto já é matéria para outro post.

Milu Duarte, do blog "Livro que te quero ler"
 

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