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domingo, 9 de outubro de 2011

Morte anunciada: grupo de extermínio executa mais um em Pedras de Fogo; ainda faltam dois

Mais uma execução foi registrada na madrugada deste domingo, 9, no município de Pedra de Fogo. O crime havia sido previsto, uma vez que a vítima, conhecida como Louro da Mangueira, constava numa lista de cinco pessoas marcadas para serem executadas por um grupo de extermínio que atua na região de Pedra de Fogo, Juripiranga, Pilar e Itambé, na fronteira entre Paraíba e Pernambuco.
Na sexta-feira, 7, Abson Alves de Matos, principal testemunha do Caso Manuel Matos (veja detalhes no final desta matéria) em entrevista exclusiva à repórter do Portal Correio, Pollyana Sorrentino, informou sobre a existência da lista de pessoas marcadas para serem executadas e disse que, de acordo com a tal lista, a próxima vítima seria Louro da Mangueira.
Louro da Mangueira era assaltante foragido da Justiça desde maio deste ano, quando foi beneficiado com o Indulto do Dia das Mães e não retornou ao presídio. Ele é a quarta vítima do grupo de extermínio que atua naquela região. Ele foi “convidado” pelos companheiros de crime para participar de um assalto e não sabia que, na verdade, ele seria vítima de assassinato.
Segundo Abson, a relação dos homens marcados para morrer chegou a ele por meio de um policial militar que está sendo forçado a participar do grupo de extermínio, formado por colegas policiais.
Ele informou também que a lista foi acrescida de mais um nome: o delegado de Juripiranga, que está investigando as ações do grupo. “Eles pretendem matar o delegado para que as investigações sejam interrompidas”, afirmou Abson.
De acordo com Abson, os crimes estão ocorrendo sempre nos finais de semana, quando o efetivo policial diminui, facilitando a atuação do grupo de extermínio. “Se ninguém tomar nenhuma providência, até o final de semana a lista de mortes será concluída”, prevê.
Relembre o Caso Manuel Matos
O advogado e defensor de direitos humanos Manoel Bezerra de Mattos foi morto no dia 24 de janeiro de 2009, depois de ter denunciado a existência de um grupo de extermínio atuando na divisa entre Pernambuco e Paraíba.
Nascido em Pernambuco, na cidade de Itambé, vizinha de Pedras de Fogo, na Paraíba, Mattos passou a trabalhar com direitos humanos na década de 1990, quando autoridades da divisa montaram um grupo de extermínio para matar suspeitos de roubos e furtos na região - incluindo crianças e adolescentes.
Em 2002, Mattos passou a ser ameaçado de morte, juntamente com outras quatro pessoas. Depois de ser procurada por ONGs, a Organização dos Estados Americanos (OEA) determinou que fossem tomadas medidas para proteger as testemunhas. Pouco foi feito e o advogado acabou assassinado sete anos depois.
De acordo com levantamento da promotora de Justiça Rosemary Souto Maior, da Comarca de Itambé, que atua na cidade desde 1994, ocorreram mais de 200 assassinatos só no lado pernambucano. O grupo de extermínio continua atuante na fronteira.
Audiência
Abson Matos, que é primo de Manuel Matos, disse que está marcada para a próxima terça-feira, 11, a partir das 9 horas, uma audiência no Fórum de Itambé, quando serão ouvidos Manuel do Maracatu, que está preso e é acusado de participação no crime, e ele próprio, como testemunha chave do caso.
Abson Matos vem dando continuidade ao trabalho de seu primo na luta pelos direitos humanos, denunciando a atuação de grupos de extermínio, formados por policiais militares, inclusive do serviço de inteligência, a P2. Abson também vem sofrendo sucessivas ameaças de morte.
Wanja Nobrega, Correio da Paraíba.

Nota do Editor do Blog: O advogado Manuel Matos e o deputado Luiz Couto se notabilizaram pelas denúncias de crimes de extemínio ocorridas nessas cidades, localizadas na fronteira entre os dois Estados. Manuel Matos foi assassinado enquanto descansava com a família, na praia de Pitimbu. Luiz Couto, apesar de já ter recebido inúmeras ameaças, continua firme na denúncia dos grupos de extermínio que atuam naquela região. Um trabalho corajoso e notável, por vezes elogiado pelo Blog.

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