pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: As "Jornadas de Junho" estão de volta?
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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Editorial: As "Jornadas de Junho" estão de volta?



Às segunda-feiras, logo cedinho, costumo fazer uma visita àqueles blogs com os quais mantemos alguma identidade, como o Tijolaço, do Fernando Brito, O Cafezinho, do Miguel do Rosário, e o do Luis Nassif, com o propósito de mantermos nossa sintonia com as análise de conjuntura política. No Tijolaço, destaco o que se convencionou chamar de Operação "Mão do Gato", hoje em curso pelos operadores do golpe institucional, com o propósito de se livrarem do senhor Eduardo Cunha, um grande problema para o governo interino do senhor Michel Temer. Não apenas para Michel Temer, mas, a rigor, para dar continuidade aos projetos dos conspiradores, que precisam do crivo da Câmara dos Deputados, onde ele insiste em manter sua trincheira, com métodos bem conhecidos.  

Aliás, os "métodos" de Eduardo Cunha são bastante temidos, acumulados em décadas de uma carreira política de procedimentos nada republicanos. Michel Temer, por razões bem conhecidas, morre de medo dele. Cunha é uma espécie de homem bomba que pode comprometer ainda mais os alicerces já bastante fragilizados desse governo interino. A grande questão que se coloca para os operadores do golpe é encontrar uma "solução" Cunha, o que não é muito simples. Cunha já cumpriu seu script na engrenagem que apeou temporariamente a presidente Dilma Rousseff do poder, mas é um ator político que sabe muito, participou ativamente das urdiduras e, portanto, tornou-se perigoso. É um lixo difícil de descartar.

Mas, em meio a essa tormenta institucional, política e econômica, eis que surge uma luz no fim do túnel, representada pela multiplicidade de movimentos sociais, grupos de opinião, ONG's, típicas de sociedades socialmente avançadas, formada por jovens sem vínculos partidários, movidos por valores civilizatórios, orientados, sobretudo, pela defesa da democracia, de acordo com o jornalista Luis Nassif. O massacre cometido contra a presidente Dilma Rousseff, aliado ao desmonte imposto por esse interinato predador, podem estar na raiz dessas mobilizações. Um dos efeitos positivos desse impasse político é que a presidente Dilma Rousseff, finalmente, conseguiu um diálogo com as ruas, num momento crucial. 

Friso bem aqui "conseguiu um diálogo com as ruas", uma vez que a presidente somente agora parece entender a necessidade de reaglutinar as forças políticas que sempre a apoiaram e propor um pacto para o país, através de uma Carta aos Brasileiros - como sugere Nassif - com duas hipóteses possíveis: conciliação ou confronto, mediados por pontos muito bem negociados entre os atores, de caráter político, econômico e social. Conciliação eu penso ser muito complicado, talvez precisemos ir para o pau mesmo. Essa conciliação de classe, típica do Governo Lula, logo se mostraria ineficaz.

É neste clima político em plena ebulição que iremos enfrentar as eleições municipais de 2016 e as próximas eleições presidenciais de 2018. Essa aliança de classe impediu que o PT enfrentasse algumas questões cruciais para o país, como a reforma agrária, a democratização da mídia, a reforma política e tributária. Erros que ficaram muito caro para o partido e para o país, hoje mergulhado num terreno pantanoso de instabilidade política, erosão de direitos sociais e trabalhistas, no desmonte do patrimônio público e sob um clima de desrespeito ao ordenamento jurídico. 

Hoje parece não haver mais nenhuma dúvida de que os "coxinhas" saíram às ruas para colocar no poder uma escória política que emite sinais de que podem conduzir o país para um impasse político de consequências imprevisíveis, dada a ilegitimidade, ao agravamento da crise econômica e às denúncias de corrupção que pairam sobre eles. Vamos ficar mais atentos a essas mobilizações populares mais recentes porque podemos estar diante de um movimento que aponta, como sugere, Nassif, para a defesa da democracia política no nosso país. É um bom começo, talvez um pouco ainda precipitado para fazermos alguma analogia com as famosas "Jornadas de Junho". Mas, repito, é um começo. Afinal, estamos em junho...  


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