João Paulo Lima e Silva, ex-prefeito do Recife por dois mandatos, volta disputar uma eleição depois de alguns tropeços na disputa dos votos dos eleitores em eleições passadas. Sempre se disse - e ele deve ter consciência disso - trata-se uma jogada de alto risco. Uma possível derrota no projeto de voltar ao comando do Palácio Antonio Farias poderá representar uma aposentadoria de sua carreira política. O fator positivo é que o partido, finalmente, parece ter construído um consenso sobre o assunto, envolvendo um intenso diálogo com o ex-prefeito João da Costa, com o qual havia algumas arestas, além da necessidade das costuras internas. A única trincheira partidária que ainda esboçava uma resistência ao nome de João Paulo era o diretório municipal da agremiação, comandado por Oscar Barreto, um dos nomes que, num passado recente, foi apontado como "queijo do reino", por suas ligações com o grupo do ex-governador Eduardo Campos.
É muito difícil predizer como a população reagirá ao PT nas próximas eleições municipais. A imagem do partido foi bastante arranhada com os ataques sucessivos da grande mídia, envolvendo seus membros na Operação Lava Jato. Embora alguns dos seus filiados estejam presos e cumprindo pena, criou-se um clima onde o PT passou a ser tratado como uma "organização criminosa" que se apropriou indevidamente do patrimônio público. Hoje os escândalos denunciados apontam a presença de atores políticos dos mais distintos quadrantes partidários, o que poderia minimizar a tendência à criminalização única do PT. O governo interino, por exemplo, perde um ministro a cada semana, envolvido em denúncias de malversação de recursos públicos. As declarações de Sérgio Machado, por exemplo, atingem o núcleo duro do governo provisório, o que leva alguns analistas a sugerirem que este governo cairá de podre.
Nestas eleições municipais - talvez como em nenhuma outra - haverá uma forte influência da conjuntura nacional na quadra local. Os candidatos do PT tendem a pegar carona no movimento organizado que pede a volta da ex-presidente Dilma Rousseff e o "Fora, Temer". A população, sobretudo os mais jovens, parecem ter acordado do sono político que pode destruir a nossa experiência democrática. Em suas falas, a presidente Dilma Rousseff indica que vem sentido esse feeling que exala das ruas, dos movimentos sociais, das repartições públicas, da sociedade civil. O "Volta, Dilma", portanto, embute uma preocupação maior de movimentos da população brasileira em defesa do respeito às regras do jogo da democracia. A questão é saber se os candidatos do PT saberão capitalizar bem esse movimento.
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