Como leitura do dia de hoje, destacaria um artigo do
professor Saullo Diniz, publicado no site Pragmatismo Político, intitulado,
“Ascensão e Queda de um Partido Popular”. Devo confessar a vocês que o nosso
primeiro impulso ao escrever este artigo no dia de hoje foi a campanha movida
pelas redes sociais contra o deputado Jair Bolsonaro, depois de suas reiteradas
manifestações públicas de caráter fascista, machista, homofóbica e apologista da ditadura militar, que levaram à sua interpelação pelo STF. Mas creio que os internautas, pelas redes sociais, já deram conta do recado,
levando a hashtag #SomosTodosCotraBolsonaro a ocupar o primeiro lugar no Trend do
microblog Twitter. Bem aqui para nós, está ficando muito chato falar sobre este
cidadão. Não há mais nada o que dizer sobre ele e, talvez por isso, vários
internautas estão se limitando a fazer piadas de mau-gosto sobre temas dos mais sérios, como
a “cultura do estupro”. Profundamente lamentável que alguém encontre inspiração
para fazer gracinha com este assunto nas redes sociais, mas por ali circula de tudo. Quem tiver curiosidade, recomendaria que dessem uma olhadinha no que se publicou sobre o assunto. Há até a fala da esposa de Bolsonaro afirmando que ele é um bom moço, um bom pai de família... gente muito boa!
Uma
das razões que nos levaram a ler o artigo de Saullo Diniz é que ele reflete
sobre o fim de um partido, o PT, simbolicamente, se desejarmos, o fim de uma
era: A Era Petista. Encerra-se, melancolicamente, aquela utopia que movia os movimentos sociais organizados, trabalhadores urbanos e do campo, movimento estudantil, pastorais da Igreja progressista, sindicatos, intelectuais de classe média, todos imbuídos de construir um projeto diferente de se fazer política e tocar a máquina pública. Para sermos mais preciso, quando o PT, de fato, fez a
diferença na gestão da coisa pública, com algumas experiências emblemáticas
como a gestão de cidades como Porto Alegre, por exemplo.
Para reforçar seus argumentos – guardando-se sempre a ressalva entre a fábula e a vida real – Saullo nos recorda de um livro, escrito por George Oswell, ainda na década de 40, onde o autor inglês, satiricamente, faz uma crítica ao processo de ascensão do socialismo, do tipo totalitário, especificamente o stalinismo. Li em trechos biográficos que George Oswell que ele foi um militante socialista na juventude, cerrou fileira na guerra civil espanhola do lado dos socialistas, mas, posteriormente, teria se desencantado com os rumos da experiência do socialismo real na antiga União Soviética, tornando-se um crítico do socialismo. A Revolução dos uma Bichos traduz, nas letras, exatamente, esse seu desencanto pelo socialismo.
Em resumo, o livro conta a história de animais que são explorados por humanos numa fazenda. Em assembleia, os animais, liderados pelos porcos, se rebelam e reorganizam os processos sociais e produtivos indo, gradativamente, reproduzindo as relações sociais de produção a que eles se contrapunham – o capitalismo – além de incorporarem hábitos tipicamente associados a esse modo de produção, como os luxos da burguesia. No final, os porcos se transformaram em humanos exploradores, já não sendo possível distinguir um grupo de outro. Lá pelo final do seu artigo, Saullo lembra da passagem do educador Paulo Feire pela Secretaria de Educação de São Paulo, na gestão de Luíza Erundina. Vale aqui a ressalva de que Paulo, no seu processo educativo, tinha sempre a preocupação de não tornar o oprimido num opressor, numa tendência que parece até natural, em razão dos referenciais simbólicos. A educação, como uma prática libertadora, se contrapõe à essa tendência.
Conceitualmente, a rigor, na Era Petista ocorreu uma "conciliação de classe". Não tivemos uma revolução no Brasil, salvo se quisermos considerar, por exemplo, os milhões de brasileiros que saíram da extrema pobreza nos governos de coalizão petista, assim como a geração de jovens entre 18 e 22 anos, de estratos sociais fragilizados, que conseguiriam entrar numa universidade pública e concluíram seus cursos. 83% dos pais desses jovens não tiveram a oportunidade de realizarem um curso superior, o que representa uma grande revolução no ensino público superior no Brasil. Mas, revolução - daquelas que contrapõe uma classe contra a outra e chega-se a uma ruptura, nós não tivemos. Aliás, conforme já discutimos por aqui, este é o país das alianças. As recentes manobras golpistas refletem exatamente, a inconformação da elite e de setores da classe média contra o andar de baixo da pirâmide social.
Depois de tecer seus comentários sobre a brilhante trajetória do PT, Saullo lamenta o “deslocamento” do partido de suas bases e uma perigosa aproximação com forças políticas bem distante dos seus ideais, como o PMDB. Foram tantas concessões - em nome de uma pseudo governabilidade, - que o partido acabou se transformando em "mais do mesmo". Fez o jogo das raposas e acabou sucumbindo diante de suas espertezas. Deixa-nos uma reflexão de Emecida: quando os caminhos se confundem, é necessário voltar ao começo.
Para reforçar seus argumentos – guardando-se sempre a ressalva entre a fábula e a vida real – Saullo nos recorda de um livro, escrito por George Oswell, ainda na década de 40, onde o autor inglês, satiricamente, faz uma crítica ao processo de ascensão do socialismo, do tipo totalitário, especificamente o stalinismo. Li em trechos biográficos que George Oswell que ele foi um militante socialista na juventude, cerrou fileira na guerra civil espanhola do lado dos socialistas, mas, posteriormente, teria se desencantado com os rumos da experiência do socialismo real na antiga União Soviética, tornando-se um crítico do socialismo. A Revolução dos uma Bichos traduz, nas letras, exatamente, esse seu desencanto pelo socialismo.
Em resumo, o livro conta a história de animais que são explorados por humanos numa fazenda. Em assembleia, os animais, liderados pelos porcos, se rebelam e reorganizam os processos sociais e produtivos indo, gradativamente, reproduzindo as relações sociais de produção a que eles se contrapunham – o capitalismo – além de incorporarem hábitos tipicamente associados a esse modo de produção, como os luxos da burguesia. No final, os porcos se transformaram em humanos exploradores, já não sendo possível distinguir um grupo de outro. Lá pelo final do seu artigo, Saullo lembra da passagem do educador Paulo Feire pela Secretaria de Educação de São Paulo, na gestão de Luíza Erundina. Vale aqui a ressalva de que Paulo, no seu processo educativo, tinha sempre a preocupação de não tornar o oprimido num opressor, numa tendência que parece até natural, em razão dos referenciais simbólicos. A educação, como uma prática libertadora, se contrapõe à essa tendência.
Conceitualmente, a rigor, na Era Petista ocorreu uma "conciliação de classe". Não tivemos uma revolução no Brasil, salvo se quisermos considerar, por exemplo, os milhões de brasileiros que saíram da extrema pobreza nos governos de coalizão petista, assim como a geração de jovens entre 18 e 22 anos, de estratos sociais fragilizados, que conseguiriam entrar numa universidade pública e concluíram seus cursos. 83% dos pais desses jovens não tiveram a oportunidade de realizarem um curso superior, o que representa uma grande revolução no ensino público superior no Brasil. Mas, revolução - daquelas que contrapõe uma classe contra a outra e chega-se a uma ruptura, nós não tivemos. Aliás, conforme já discutimos por aqui, este é o país das alianças. As recentes manobras golpistas refletem exatamente, a inconformação da elite e de setores da classe média contra o andar de baixo da pirâmide social.
Depois de tecer seus comentários sobre a brilhante trajetória do PT, Saullo lamenta o “deslocamento” do partido de suas bases e uma perigosa aproximação com forças políticas bem distante dos seus ideais, como o PMDB. Foram tantas concessões - em nome de uma pseudo governabilidade, - que o partido acabou se transformando em "mais do mesmo". Fez o jogo das raposas e acabou sucumbindo diante de suas espertezas. Deixa-nos uma reflexão de Emecida: quando os caminhos se confundem, é necessário voltar ao começo.
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