No
início desta semana, como resultado de uma pesquisa realizada pelo IPESPE sobre
as próximas eleições municipais do Recife, em 2016, publicamos um artigo aqui
no blog onde, no final, concluíamos, a partir das considerações do cientista
político Antonio Lavareda, que, naquelas eleições, tudo seria possível,
inclusive nada, em razão do seu caráter de imprevisibilidade. Há, ali, alguns
indicadores importantes, traduzidos friamente pelos números apresentados. Chama
a nossa atenção, por exemplo, a margem de “insegurança” que ronda o projeto de
reeleição do prefeito Geraldo Júlio, do PSB. Até a data das eleições ele precisaria, de
acordo com Lavareda, melhorar sensivelmente os indicadores de avaliação de sua gestão, se deseja se reeleger.
Não é
uma tarefa impossível. A campanha, inclusive, pode cumprir essa missão. Mas, há pouco mais de 04 meses da campanha surge um fato novo: a Operação Turbulência,
realizada pela Polícia Federal aqui no Estado, onde aponta-se indícios de irregularidades
de toda ordem – até mesmo desvios de recursos públicos – envolvendo agentes
públicos e atores políticos que, de alguma forma, estão diretamente ligados à gestão do socialista. A
questão que se coloca é como isso irá se refletir na campanha, já que está
sendo utilizada contra o gestor, também massacrado pelas redes sociais no dia ontem. A tal "ligação", registre-se, está relacionada ao fato de os atores envolvidos nessa Operação Turbulência, de acordo com a Polícia Federal, pertencerem aos quadros do PSB, partido do prefeito Geraldo Júlio.
Os socialistas
se movimentam como podem, mas há uma convicção entre eles sobre a premente e
fundamental necessidade de reeleger o prefeito Geraldo Júlio, no Recife. Há
muitas coisas em jogo naquelas eleições, como o “batismo” político do grupo
técnico de auxiliares do ex-governador, como é o caso de Geraldo Júlio e Paulo
Câmara. Batizados, esses atores passam a ganhar um novo status no contexto da
correlação de forças internas da agremiação, inclusive entre as “raposas”
políticas matreiramente afastadas de cena durante o reinado do ex-governador
Eduardo Campos. Um tropeço de Geraldo Júlio aqui na capital, por sua vez, também
poderá representar algumas dificuldades sérias para o projeto de reeleição de
Paulo Câmara, em 2018, criando um inferno astral socialista difícil de gerenciar.
Há quem assegure que o partido tem uma forte liderança
aqui no Estado, entre os remanescentes familiares do ex-governador. Seria quem
bate o prego e vira a ponta,quem, na realidade, dá as cartas do jogo entre os socialistas no Estado. Como essa figura atua nos bastidores da política, fazendo questão de
manter uma certa discrição, preferimos acreditar que, na realidade, o partido
ainda sofre uma espécie de orfandade de liderança com a morte do ex-governador.
A “acomodação” do grupo nos executivos estadual e municipal, pode ser um fator
facilitador da construção dessa possível liderança. A perda desses espaços de poder, por sua vez, pode
agravar, ainda mais, a soldagem dessas
divergências ou a construção de algum consenso entre esses atores políticos.Vale
aqui o ditado popular nordestino. Casa onde falta comida, todos brigam e ninguém tem
razão.
Se, para esses atores políticos, no exercício do poder, as coisas são
difíceis, imaginem sem ele. Neste clima, é realmente improvável que algum
analista político arrisque alguma previsão sobre o que deverá ocorrer em
outubro, quando o recifense saírem às ruas para escolher o seu prefeito. Nada sugere
que os graves problemas econômicos que estamos enfrentando sejam superados até
lá. O termômetro político também não tende a arrefecer-se, dada as denúncias
que pesam sobre os atores políticos que usurparam o poder no plano
nacional, em meio às manobras hoje bastante criticada pela sociedade
brasileira, até mesmo entre os “coxinhas” mais consequentes.As vaias dirigidas a Paulinho do Força, durante voo, não nos parecem que tenham sido provocadas por "petistas" ressentidos.
Há, por outro lado, um conjunto de forças
políticas, formadas principalmente entre jovens, mobilizados pelo defesa da
democracia, o que inclui, por tabela, o respeito ao mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.
Os gritos de “golpistas” são ensurdecedores. Ecoam, nos shopping center, nas
repartições públicas, nas aeronaves, nos aeroportos, em praça pública. Para
alguns analistas, quiçá, poderiam ser um indício da volta das "Jornadas de
Junho”. Um governo com este perfil, que transformou o país numa republiqueta de
bananas, nas palavras sábias do sociólogo Sérgio Pinheiro, não tem
legitimidade. Nasce – e talvez até se mantenha – pelo uso da força, das urdiduras
escusas. Mas, o signo da ilegitimidade, parece ser mesmo um fardo muito pesado para se carregar.
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