Politicamente, nos colocamos à esquerda do PT. Quem acompanha nossas postagens aqui pelo blog sabe que, não raro, estamos apontando os equívocos do partido, seja nas suas concepções teóricas, organizacionais ou mesmo nas suas práticas de governo, que acabaram desfigurando o partido ao longo de sua história, fato comprovado pela crescente "esquizofrenia" de sua burocracia dirigente em relação às bases sociais fundadoras da agremiação. Hoje, alguns atores relevantes da agremiação já esboçam a necessidade de fazer este caminho de volta. Se a esquerda precisa ser reinventada, o PT precisa ser recriado. Por outro lado, não deixamos de enaltecer os acertos do partido, que não foram poucos.
Por outro lado, não dá para acompanhar o espetáculo e as urdiduras que estão por trás dessa Operação Custo Brasil, uma espécie de desdobramento da Operação Lava Jato. Se há irregularidades, elas precisam ser apuradas e os responsáveis punidos, não importa se deste ou daquele partido. Trata-se de um princípio. Agora não deixa de ser escandaloso observar um sujeito como Eduardo Cunha solto e um Paulo Bernardo preso, principalmente nessas circunstâncias: na medida em que se aproximam a votação definitiva sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal; marcada por mais um espetáculo midiático, como a enorme repercussão desses fatos na edição do Jornal Nacional do dia hoje, 23, assim como a presença de tropas de elite da PF na sede do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo; e o mais grave, a possível irregularidade na "invasão" da residência da senadora Gleisi Hoffmann(PT), sem mandado respaldado pelo STF, uma vez que se trata de uma senadora da república, com foro privilegiado. Assim com ocorreu com a divulgação irregular dos grampos e do mandado de condução coercitiva expedido contra Lula - para protegê-lo, segundo o juiz que o emitiu - a invasão da residência da senadora entra no rol do desrespeito ao ordenamento jurídico do país.
Por vezes somos contingenciados a acompanhar esses noticiários apenas para formarmos nossas opiniões acerca de sua "linha editorial". Alguns escândalos recentes foram solenemente ignorados pelo JN. De volta das férias, Alexandre Garcia foi tratar, em seus comentários, da violência na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Até uma matéria como a erosão da barreira do Cabo Branco, em João Pessoa, ganhou destaque em horário nobre na grade da emissora. Uma matéria "requentada", uma vez que já havíamos visto, por mais de uma vez, nas nossas férias em Jacumã. Só faltaram mesmo as receitas de bolo. Por aqui, em Pernambuco, os chamados "grandes jornais" deixaram de mencionar o nome de um ex-governador que, segundo as investigações da PF, poderia ser um dos beneficiários da Operação Turbulência.
Hoje, não. Como sempre, estava tudo muito bem coordenado. Há imagens, vistas no JN, dos policiais federais chegando à sede do PT, em São Paulo, logo de madrugada. As fotos circulam nas redes sociais como um emblema dos "coxinhas". Aliás, convém registrar aqui a visita de "cortesia" do Ministro da Justiça do governo interino àquele juiz do Paraná, creio que uma semana antes da Operação Custo Brasil. Engana-se quem pensa que essa engrenagem tenha dado alguma trégua. São raposas felpudas, engordadas no arbítrio, com um grau de ardilosidade surpreendente. Aqui e ali fazem uma "média ponderada" apenas para distrair a plateia, como o pedido de prisão da cúpula do PMDB, onde já se sabia que seria recusado.
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