pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Pedido de prisão de Renan, Sarney e Jucá seria um jogo de cena. Eles querem pegar Lula.
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quinta-feira, 9 de junho de 2016

Editorial: Pedido de prisão de Renan, Sarney e Jucá seria um jogo de cena. Eles querem pegar Lula.



Ontem o país foi sacudido pelo impacto da notícia de um pedido de prisão inusitado, envolvendo altas autoridades da república. Um senador, um ex-presidente e o atual presidente do Senado Federal. Não são todos os dias que essas noticias vem a público e, portanto, algumas reações são naturais, levando-nos a desenvolver algumas reflexões mais acuradas sobre o fato apenas depois de a poeira baixar. A primeira inflexão diz respeito ao “vazamento” dessas informações, segundo dizem, há muito tempo guardadas na gaveta do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot, com cópia entregue ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, que, no órgão, está à frente dos inquéritos da Operação Lava Jato. 

Quem levantou essa polêmica foi uma das pessoas menos indicadas, o ministro Gilmar Mendes – que costuma pronunciar-se sobre os autos antes de julgá-los – mas faz sentido tal preocupação. Outra observação, esta elencada pelo jornalista Luis Nassif, é a de que deve haver muito mais informações comprometedoras nos áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, entregues no acordo de delação premiada. As alegações de Rodrigo Janot para o pedido de prisão, aparentemente, apenas pelo que teria sido divulgado até o momento, não seriam suficientes. Uma das hipóteses é que, se ele pediu a prisão desses atores políticos, ele sabia o que estava fazendo. Haveria elementos para isso, inclusive de conhecimento do STF. 

Outra hipótese, esta dentro das conspirações golpistas, seria a de um “blefe”, uma forma de pressionar o Senado Federal no que concerne ao julgamento da presidente Dilma Rousseff. Essa estratégia passa a ganhar corpo quando se sebe, hoje, que a PRG é um dos órgãos comprometidos com a engrenagem. Conforme já previsto aqui, o ministro Ricardo Lewandowisk negou a anexação dos áudios entre Romero Jucá e Sérgio Machado, no contexto da Operação Lava Jato, onde praticamente fica materializada a manobra conspiratória no sentido de estancá-la, para usarmos uma expressão do próprio Jucá. A sorte da presidente Dilma Rousseff parece estar selada naquela Casa, a julgar pelas manobras dos conspiradores. 

Uma outra possibilidade, muito discutida no dia de ontem, pela redes sociais e pela blogosfera, principalmente entre os blogs "sujos", dizia respeito à preparação do terreno para a decretação da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma eventual prisão de Lula teria um “custo” e este custo estaria sendo muito bem calculado pelos operadores da Casa Grande, como alertou o cientista político Roberto Numeriano em artigo. Como afirmou o também cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, outro dia, Lula é o maior capital político dos lascados deste país. A prioridade dos golpistas é destruir Lula enquanto figura pública. Eles atiram em Dilma, mas o alvo, na realidade, é o Lula. Mesmo depois de todo esse rebuliço envolvendo o PT, ele ainda aparece como imbatível num pleito presidencial. Lidera as pesquisas da CNT para as próximas eleições presidenciais de 2018. O Datafolha continua explicando seus “motivos” para não realizar pesquisas de intenção de voto. 

Creio que, em função da idade, a prisão do ex-presidente Sarney seria mais “simbólica”. Em relação a Sarney, um dia os historiadores poderão dizer que, no caso do oligarca, "o crime compensa”. Deverá encerrar sua passagem aqui pela terra, sentado numa cadeira de balanço, lendo, tomando um bom whisky, ouvindo o barulho do mar, em sua mansão da ilha de Curupu, no Maranhão. De acordo com Sérgio Machado, somente entre ele e Renan, a cifra das falcatruas repassadas da Petrobras atingem o estrondoso número de 70 milhões. Existem alguns filigranas legais envolvendo este pedido de prisão. Um senador da república só poderia ser preso em flagrante delito ou com a autorização dos seus pares na Câmara Alta. 

Na condição de presidente atual daquela Casa, Renan Calheiros já tratou de fechar os acordos. A Justiça não terá autorização para por as mãos neles. Ele e o amigo Romero Jucá. Não naquilo que depender do Senado Federal. A exceção, portanto, foi o senador Delcídio do Amaral, que também não se enquadrava nessas possibilidades citadas, mas foi entregue de bandeja até mesmo pelos seus antigos companheiros senadores do PT. Aliás, convém frisar que o ordenamento jurídico e constitucional tornou-se “relativo” atendendo às exigências das forças que engendram esse golpe institucional. Eles devem promover um estrago sem precedentes naquilo que se convencionou chamar de direitos de cidadania. 

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