pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: As estranhas alianças de Rodrigo Pacheco para presidir o Senado Federal.
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terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Editorial: As estranhas alianças de Rodrigo Pacheco para presidir o Senado Federal.



O atual presidente do Congresso Nacional, David Alcolumbre(DEM-AP), relutou bastante em assumir o apoio explítico a uma candidatura para substitui-lo naquela Casa do Legislativo, a partir de fevereiro. A impressão que se passou foi a de que, enquanto as movimentações eram bastante intensas na Câmara dos Deputados, no Senado Federal as costuras políticas eram bem mais discretas, sem alardes, sem trocas de farpas pela imprensa ou pelas redes sociais. Como havíamos afirmado antes, em editorial, David Alcolumbre, que tentou uma reeleição interditada pelo Supremo Tribunal Federal, emitia indícios de um desencanto pelo processo, sentindo-se desestimulado até mesmo a envolver-se no processo de sua sucessão. Com a entrada do Palácio do Planalto na disputa, parece-nos que ele se sentiu revigorado, voltando a tomar gosto pelas costuras internas, que devem definir um nome para a Mesa Diretora daquela Casa, com mandato de dois anos. Essas conversas com o Planalto resultaram na batida do martelo em torno do nome do senador Rodrigo Pacheco(DEM-MG). Pelo andar da carruagem política, no entanto, o martelo não bateu na cabeça, tampouco o prego ficou de ponta virada. Além de não ter fechado os votos suficientes para a sua eleição, Pacheco ainda precisa contornar problemas internos de sua base de apoio, que vai do PT a Jair Bolsonaro(Sem Partido), uma mistura nada homogênea. 

Sua candidatura é obra de uma engenharia política que conta, como dissemos,  com o aval, inclusive, da bancada de senadores do Partido dos Trabalhadores, o que apenas aumentam as contradições em torno dos apoios ao senador mineiro. Antecipando-se às eventuais críticas pelo apoio, o Partido dos Trabalhadores soltou uma nota onde faz uma exposição de motivos acerca dos compromissos assumidos pelo candidato a futuro gestor daquela Casa com o partido, como a defesa dos interesses nacionais, do SUS, do meio-ambiente, dos direitos civis, sociais, políticos e econômicos, onde tivemos um evidente retrocesso nos últimos anos. Informa, também, que a aliança é pontual, em torno de pautas, sem qualquer compromisso eleitoral futuro. Entra em cena, neste cenário político, o nome do ex-presidente Michel Temer(MDB-SP), hoje uma espécie de consultor político informal do presidente Jair Bolsonaro(Sem Partido). Momento houve em que o ex-presidente Temer por pouco não sofreu um processo de impeachment. Exímio articulador, ele seria o responsável pela ascendência de Rodrigo Maia(DEM-RJ) na disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados. Num momento de aperto de Temer, Rodrigo Maia deu uma de Poncio Pilatos, ou seja, lavou as mãos. 

Integrante da Comissão de Constituição e Justiça, Rodrigo Pacheco, ex-companheiro de militáncia partidária de Temer, uma vez que era filiado ao MDB, entregou a relatoria do processo a um desafeto do ex-presidente. Em ambos os casos, Michel Temer se sentiu traído e, certamente, nas coxias esses fatos poderiam estar pesando agora quando se discute o apoio ao nome do senador Rodrigo Pacheco como concorrente à Presidência daquela Casa. Neste intervalo, o senador pernambucano, Fernando Bezerra Coelho(MDB-PE), líder do Governo naquela Casa, teria procurado, sem o sucesso, o apoio do presidente Jair Bolsonaro para concorrer àquelas eleições. O presidente teria reafirmado seu propósito de apoiar o nome do senador mineiro. Por outro lado, quando tomou conhecimento de que o seu candidato estaria recebendo o apoio do PT, ele não escondeu o profundo desconforto. Ele que, inclusive, já havia criticado o apoio do PT ao candidato indicado por Rodrigo Maia para sucedê-lo na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi(MDB-SP). O DEM apoiou o processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. O livro-bomba do ex-deputado Eduardo Cunha deve trazer mais detalhes sobre os bastidores daqueles dias sombrios, onde a nossa experiência democrática foi sensivelmente abalada.  

Se, como ele afirmou, água e óleo não deveriam se misturar, como entender que ele irá conceber essa mistura em relação à eleição do Senado Federal, onde emprestaria apoio a um candidato que conta com o aval do Partido dos Trabalhadores? Nos próximos dias saberemos se ele manterá esse apoio ao nome do senador Rodrigo Pacheco(DEM-MG). Independentemente dessas possíveis contradições, em princípio, deve ser colocado na balança as articulações envolvendo as eleições para a Câmara Federal e para o Senado Federal - naquela perspectiva de que eu te apoio aqui e tu me apoias ali - muito embora, aparentemente, os diálogos não estejam, assim, bem azeitados entre Rodrigo Maia(DEM-RJ) e David Alcolumbre(DEM-AP).


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