Há várias leituras sobre esse fato político entre os analistas sociais, seja ele cientista político, historiador ou sociólogo. Alguns apontando um gravíssimo precedente, que pode a vir se repetir em outros países, consoante os arranjos políticos em curso, que integra essa onda conservadora de ultradireita, que traz, no seu bojo, uma orientação política ultraliberal, que subverte valores democraticos em vários países, uma racionalidade incompatível com o respeito aos diretios individuais e coletivos, predadora em relação ao meio-ambiente. Uma lógica de acumulação do capital fanancista que está produzindo uma verdadeira catástrofe anticivilizatória. Outros observadores, no entanto, advogam que o que houve no dia 06 foi o debacle desse processo, ao se evitar que os vândalos materializem seu projeto, quando as instituições ainda se mostraram sólidas o suficiente para evitar o desmonte do edifício democrático. Aliado a isso, um outro indicador promissor para este último grupo seria o acúmulo de derrotas da chamada supremacia branca em eleições pontuais realizadas naquele país. Aqui sim, há um gostinho de vitória da luta antirracista, com repercussões em todo o mundo, dado o peso norte-americano que essa causa assumiu com o movimento Vidas Negras Importam.
Aqui no Brasil, depois dos trágicos números do recrudescimento da Covid-19, que já nos elevou à triste marca dos 200 mil mortos, finalmente, as boas notícias do Ministério da Saúde, comunicando a negociação para a aquisição de um montante de vacinas superior a 400 milhões de doses, capaz, no final, de garantir uma dose dupla da vacina a cada brasileiro, conforme observação de um colunista político, que teve o cuidado de fazer as contas dos números apresentados pelo Governo Federal, através do ministro Eduardo Pazuello, da Saúde. Ainda segundo o ministro, essas vacinas deverão ser distribuídas de forma equânime, conforme as necessidades, entre os entes federados. Uma outra notícia alvissareira é a superação dos problemas inciais relativos à aquisição de insumos básicos como agulhas e seringas. A melhor notícia, no entanto, é o anúncio do índice de imunidade proporcionado pela CoronaVac, vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan, avaliado em 78%. Esse índice é considerado muito bom em situações do gênero, onde algo em torno de 50% a 60% já seriam bem-vindo.
O profundamente lamentável nisto tudo é o contumaz uso político desse drama de saúde pública que o país atravessa, com objetivos claramente eleitoreiros, visando as próximas eleições presidenciais de 2022, orquestrado por pretendentes ao cargo. Por questões óbvias, não vou aqui citar nome, mas os brasileiros e brasileiras bem-informados sabem a quem estamos nos referindo. Até o nome da CoronaVac passou a ser associado diretamente a este ator político, de ambições desmedidas, extremamente oportunista, capaz de aliar-se a Deus e ao Diabo para obter seus objetivos. Trava uma luta desesperado para dar o start de vacinação em massa em seu reduto político, de olho nos dividendos que podem ser colhidos nas eleições presidenciais de 2022. Outro dia, circunstancialmente, tivemos a oportunidade de acompanhar um debate antigo, onde ele trava um embate com um ator político do Partido Socialista Brasileiro. Profundamente didático para conhecermos sua personalidade.
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