pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Você aprovaria o comportamento do brasileiro durante a pandemia?
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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Editorial: Você aprovaria o comportamento do brasileiro durante a pandemia?




Já faz algum tempo que este editor desistiu de entender os brasileiros. Li bastante sobre o assunto, mas, a cada hora, surgem alguns fatos novos que nos deixam atônitos, na condição de um expectador que ainda não viu tudo. Pesquisa recente, realizado pelo Instituto Parará Pesquisas e publicada por uma coluna de política conhecida, informa que, em enquete sobre a avaliação do comportamento dos cidadãos e cidadãs brasileiros durante a pandemia, ficamos, na média, com a nota 7,7. Em tese, daria para passar, mas, na condição de professor, reprovaria o nosso comportamento durante a pandemia, em razão dos fatos amplamente divulgados pela imprensa, onde se constata a desobediência explícita dos protocolos de segurança estabelecidos pelas autoridades sanitárias para evitar o contágio pelo coronavírus. Desrespeito à quarentena ou aos lockdowns decretados, ausência do uso obrigatório de máscaras, festinhas com aglomerações. Apenas isento dessas críticas aqueles segmentos sociais que, de fato, pelas contingências impostas, talvez não pudessem cumprir tais protocolos como gostariam, por absoluta falta de condições, em razão da precária situação econômica, habitacional e e higiênicas. Em casos extremos, falta até a água para lavar as mãos. Um fato curioso é que o tal "toque de recolher" imposto nas favelas por traficantes e milicianos (ia usar o "ou", mas os milicianos, hoje, também  estão envolvidos com o tráficos de drogas) contribuiu para forçar o isolamento social. 

Logo no início da pandemia, pipocaram denúncias de malversação de recursos públicos por todo o país, envolvendo agentes públicos e privados, mancumunados em práticas lesivas ao interesse público, ou seja, desvios de verbas ou compras irregulares de insumos para o enfrentamento da pandemia. A construção de hospitais de campanhas constituiu-se num outro grande duto por onde os recursos públicos eram sistematicamente desviados para outras finalidades. Até hoje não vi uma levantamento completo sobre o montante de recursos desviados, mas a soma é altíssima. Há até governador afastado do exercício do cargo e prestes a perder o mandato em razão dessas denúncias. Seria de muito bom alvitre que os órgãos de controle e fiscalização das contas públicas divulgasem alguma estimativa dos recursos desviados. Fica aqui a recomendação, em nome da transparência da função pública. Há um governador da região Norte do país que adquiriu determinados equipamentos imprestáveis para a finalidade desejada e ,este editor, equivocadamente, até solidarizou-se com ele, responsabilizando tão somente seus fornecedores. Depois, as investigações iriam descobrir que ele sabia, desde o início, das operações, e que estava comprando gatos por lebres, mancumunado com tais fornecedores. Eis aqui um cidadão desprovido de qualquer espírito público. A lição que aprendemos aqui é que a corrupção endêmica do país prevaleceu até mesmo num quadro de profunda calamidade pública.  

Aliás, por falar em região Norte, fico cada vez mais convencido que as razões do colapso do sistema de saúde no Amazonas deve-se muito mais a razões políticas do que propriamente técnicas. O ex-ministro da Saude, Luiz Mandetta, com muita capacidade, já havia antecipado o possível colpaso do nosso sistema de saúde, caso medidas preventivas não fossem tomadas imediatamente. Mandetta foi demitido do cargo. Os relatórios da força tarefa do SUS - sempre o SUS - também deixaram isso muito claro. Mobilizações de insanos fizeram com que o Governo do Estado da Amazonas voltasse atrás num lockdown decretado semanas antes dessas ocorrências. O recuo do governo foi comemorado nas redes sociais pelos negativistas. Fica claro que as autoridades públicas tinham conhecimento sobre o desastre iminente. Pior: que ele poderia ter sido evitado, caso as providências necessárias tivessem sido tomadas a tempo. Mesmo com as providências emergenciais, diante do quadro caótico que se instaurou, os problemas estão longe de serem equacionados. Ainda ontem acompanhei cenas de pessoas levando seus parentes aos hospitais acompanhado dos tais cilindros de oxigênio, isso quando reúnem condições de comprá-los ou abastecê-los. O Estado do Maranhão, que recebeu parte dos doentes de Manaus, já se encontra com a suas UTIs e estoque de oxigênio no limite. 

Agora, por ocasião do início da campanha de vacinação em massa, somados aos embaraços com a logística da distribuição e os embates diplomáticos que virão para adquirir os insumos farmacêutico ativo (IFA) para a produção de novas doses da vacina, surgem denúncias, incluisive aqui no Estado de Pernambuco, de desrespeito à ordem de aplicação das mesmas, neste primeiro momento, facultadas apenas os profissionais de saúde. Mas, diante do maldito "jeitinho brasileiro", prefeitos, secretários e até fotógrafos furaram a fila. Isso é apenas a ponta do iceberg, se  é que entendemos um pouco desse paí, algo que desisti, como afirmei no início deste editorial. Observem o comportamento dos cidadãos e cidadãs de outros países, mais institucionalizados, onde o respeito às regras é observado e os homens públicos são os primeiros a oferecer bons exemplos de conduta. Não sou alarmista, mas estamos com um sério problema de estoque de vacinas pela frente. Cálculos de especialistas afirmam que, sequer, as doses disponibilizadas seriam suficientes para atender a demanda dos profissionais de saúde, o grupo priorizado. A rigor, até aqui temos problemas, uma vez que tais cálculos de profissionais de saúde deveriam incluir, tão somente, aqueles profissionais da linha de frente do enfrentamento da pandemia, excentuando-se aqueles que desempenham funções burocráticas. 


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