Houve um tempo em que acompanhei mais de perto a trajetória política do prefeito de Paulista, Ives Ribeiro(MDB-PE). Era um tempo em que o ex-governador Miguel Arraes ainda era vivo e Ives era uma espécie de representante do arraesismo na região metropolitana norte do Recife, tendo sido prefeito de Itapissuma, Igarassu e Paulista, em todas essas cidades por dois mandatos consecutivos, um caso único em todo o país. O tempo passou e cometo a franqueza de dizer - franqueza é sempre uma qualidade que incomoda - que, se o velho D. Miguel Arraes ainda estivesse vivo, certamente o aconselharia a ficar atento às más companhia. Mas não vamos entrar aqui em polêmicas, sempre desgastantes, como se já não nos bastassem os sofirmentos infringidos por essa nefasta pandemia, que não emite sinais de enfranquecimento. Outro dia, diante dos seus projetos de intervenções na orla do município, sugeri que ele ficasse atento aos irreversíveis danos ambientais produzidos no município, ao longo dos últimos anos, que já comprometeram recursos naturais e referências históricas importantes, tudo em nome da sanha da especulação imobiliária.
Naquela postagem, também fazia referência aos graves problemas de corrupção no município, envolvendo os poderes Executivo e Legislativo. Isso se arrasta há longos anos, como uma prática que parece ter se institucionalizado, para o desconforto dos cidadãos e cidadãs paulistenses, que pagam seus impostos e são lesados com os desvios de recursos para fins nada republicanos, com prejuízos evindentes para os serviços e equipamentos públicos. Por vezes, em razão das dificuldades de os órgãos de controle e fiscalização do Estado realizarem seus trabalhos a contento, seria de muito bom alvitre que o próprio eleitor produzisse, através do seu voto, essa assepcia política, impedidndo que esses agentes continuassem na condução dos negócios públicos. Infelizmente, nem sempre isso ocorre como nós gostaríamos.
Isso vem a propósito de uma espécie de termo de compromisso anticorrupção que o prefeito Ives Ribeiro(MDB-PE) exigiu que os secretáros assinassem, assumindo o compromisso de combater a corrupção no município. O ato tem um valor simbólico, mas tenho dúvidas sobre seus efeitos práticos. Não por desconfiar das intenções do prefeito e dos seus futuros secretários - que devem ser as melhores possíveis -, mas, sobretudo, por saber da complexidade do problema da corrupção no país. Trata-se de uma corrupção de caráter endêmico, que não se combate a partir de um decreto. É uma questão de costumes, ou, mais precisamente, de mau costume, o que nos torna uma das nações mais corruptas do planeta. Outro dia comentava com um colega que temia bastante pela gestão do Eduardo Paes(DEM-RJ) no Rio de Janeiro. Ali, a corrupção está de uma forma tão entranhada, que parece que a máquina não anda sem o seu concurso. Não deve ser nada fácil conduzir uma máquina nessas condições, completamente estigmatizada.
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