O país enfrenta seu momento político mais crítico, com desdobramentos imprevisíveis. O torniquete político está sendo cada vez apertado em razão do agravamento da crise de saúde pública que o país atravessa, com a possibilidade de que fatos como aqueles ocorridos em Manaus possa se repetir em outras praças, conforme previsto por cientistas, que sempre afirmaram ser imprevidente o relaxamento de medidas preventivas, inclusive sugerindo a permanência do lockdown - que não deveria ser abandonado - como medida para evitar a proliferação do vírus, criando hordas de doentes precisando de tratamento, com as redes hospitalares estranguladas sem poder atendê-os. Antes era o problema da ausência de leitos de UTIs, problema agora agravado pela ausência de oxigênio. Em Manaus, diante do caos, as próprias residências dos infectados estão se transformando em hospitais improvisados.
Até recentemente, escutado sobre o assunto, o cientistia Miguel Nicolelis, que assessora o Consórcio Nordeste, recomendou, de imediato, um lockdown nacional. Como há uma queda de braço entre saúde pública e economia, geralmente tais recomendações não são levadas muito a sério, trazendo as consequências conhecidas, como o aumento exponencial de casos de contágio e mortes, desta vez com mais um agravante: as diversas mutações do vírus, em alguns casos mais letais e com maior capacidade de disseminação. Soma-se a isso, o contingente de irresponsáveis espalhando mentiras pelas redes sociais, agravando ainda mais a situação já caótica. Ainda bem que os administradores dessas redes estão adotando medidas punitivas, de combate à disseminação dessas fake news, tecnologia macabra usada durante as últimas eleições presidenciais, como arma política para destruir os adversários.
Num cenário que já é perigosamente crítico, ainda temos que acompanhar o uso político desse drama de saúde pública vivido pelo país - como a queda de braço em relação à distribuição das vacinas - ou os pronunciamentos oportunistas do "engomadinho", de olho nas eleições de 2022. Já afirmei por aqui, e volto a repetir, aquele cidadão seria capaz de pisar no pescoço da mãe para atingir seus objetivos. Trata-se de um ator político absolutamente não confiável. Ele pode criticar o Diabo e a mim não inspira a menor credibilidade ou confiança, pois sabe-se de suas reais intenções são ainda piores do que as do Diabo. É deprimente saber que há setores de esquerda e progressitas flertando com este sujeito, em arranjos políticos para as eleições presidenciais de 2022. Conhecemos bem a conjuntura política complicada que enfrentamos, mas, sinceramente, não sei se vale a pena tanto sacrifício, para chegarmos à conclusão de que, trocamos de barco, mas a tempestade continua produzindo seus tsunames. Márcio França o desmascarou num debate. Não ganhou aquelas eleições, mas a nossa grande admiração pelo seriviço prestado a res publica.
Antecipo que poderemos ter problemas em relação à solicitação do Ministério da Saúde, que determinou que as seis milhões de doses da vacina CoronaVac, produzidas pelo Instituto Butantan, sejam destinadas à Brasília, com o objetivo de centralizar a distribuição para todo o país. O Butantan, sobre este assunto, já antecipou que considera inadequado enviar à Brasília as doses que seriam aplicadas no Estado de São Paulo. Não sei se o Ministério da Saúde tem alguma carta na manga, pois, assim como o médico Dráuzio Varela, não vejo a hora de tomar a vacina, seja ela qual for. Em todo caso, estou preocupado com o dia "D" e a hora "H" definido pelo Ministro Eduardo Pazzuelo, informando que seria na Quarta-Feira. Há muitas contingências logísticas e embaraços políticos em jogo. Mas torcemos que as questiúnculas políticas sejam superadas e os prazos cumpridos.
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