A cidade de Ipojuca, no litoral sul do Estado, anuncia uma série de medidas restritivas no tocante ao acesso às suas praias, certamente, a partir de recomendações do Governo do Estado, que, até recentemente, esteve reunido com os prefeitos das regiões litorâneas, com o objetivo de ajustar a pauta de ações preventivas contra o coronavírus. Imagino que deve ser um dilema muito grande para os gestores adotarem tais medidas, sabendo dos eventuais prejuízos do comércio, não apenas no que concerne às vendas e arrecadação de impostos, mas igualmente em relação à perda de postos de trabalho. Como disse no editorial, o país enfrenta seu momento mais delicado, uma crise sem precedentes, que atinge a não apenas a saúde pública, mas o social, a economia e as instituições da democracia, hoje sensivelmente fragilizadas, em meio a esse pandemônio, tornando a crise política ainda mais grave do que a sanitária. Há segmentos sociais que, a rigor, sequer podem se submenter às condições restritivas impostas e de cuidados pessoais, em razão da luta cotidiana pela sobrevivência. O medo do desemprego e da fome torna-se, nesses casos, maior do que o medo de contrair o vírus. Por outro lado, essas medidas restritivas são absolutamente necessárias diante da recidiva do coronavírus, atingindo proporções até mais preocupantes do que a primeira onda, uma vez que já se verificam a disseminação de suas variantes, ainda mais contagiantes e letais, como já ocorre em Manaus.
A rigor, a rigor, se o Governo do Estado seguisse as orientações do cientista Miguel Nicolelis, que assessora o Consórcio Nordeste no tocante a este assunto, determinava um lockdown imediato para a região metropolitana do Recife. Aqui trava-se uma batalha entre economia e saúde pública, como ocorre em outras praças do país, nem sempre com a priorização desta última. Em relação à frequência às praias, o comportamento da população durante este último final de semana será determinante na definição de medidas mais ou menos restritivas. E a gente sabe que, de forma consciente, a população não adotará um comportamento mais condizente para evitar o agravamento do problema. O pique dessa segunda onda, segundo os especialistas, ainda é reflexo dos festejos de final de ano. Há um processo de saturação psicológica da população, em razão dos longos meses de confinamento. Observa-se, assim, um comportamento suicida, de banalização da morte, por vezes reforçado por publicações irresponsáveis, através das redes sociais.
Cientificamente, a rigor, nunca houve um momento oportuno para o relaxamento desses cuidados, como as medidas de restrições de contato social, evitando as aglomerações. Tampouco agora, mesmo com a previsão de vacinação em massa, seria possível abdicar daqueles cuidados essenciais, como o uso de álcool em gel, da máscara ou de lavar as mãos frequentemente com o velho sabão amarelo. A volta se deu, sobretudo, em razão da pressão exercida pelo capital. Há alguns grupos sociais que, por razões alheias à sua vontade, infelizmente, como disse antes, não podem obdecer a essas medidas, salvo se contassem com o apoio fundamental do aparelho de Estado. E, aqui, criou-se uma equação de difícil equacionamento: como conciliar uma economia parada, sem arredação de impostos, com a manutenção desses benefícios? O coronavírus nos impôs momentos difíceis, mas, se você não se encontra nesses grupos, que, infelizmente são expostos aos vírus por não contarem com a opção de ficar em casa, cuide-se!
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