Hoje é um dia triste para os recifenses e pernambucanos. Amanhecemos com o anúncio da morte do senhor Tarcísio Pereira, da antiga Livro 7, a maior livraria do Brasil, que tanta alegrias e orgulho proporcionou aos brasileiros. Na Sete de Setembro, a Livro 7 era uma parada obrigatória para esse escriba, mesmo que fosse apenas para apreciar suas estantes, repletar de livros de todas as especialidades. A Livro 7 era de um tempo em que o chique era lanchar na Karblen, comprar o disco de vinil de Chico Buarque na Modinha, tomar uma cerveja com os amigos no Calabouço e, claro, comprar um livro na Livro 7, embalado, no início, num papel em branco, com a marca da livraria em cor preta. O grande Tarcísio morreu de complicações provocadas por esta maldita Covid-19. Nossos sentimento à família, em particular a sua irmã Suely, que manteve a chama acesa até o ultimo instante, consolando seus admiradores e admiradoras pelas redes sociais, sempre com uma mensagem de otimismo.
Num determinado momento, creio que ali pelas décadas de 70\80 parece que todas as outras instituições culturais do Recife convergiam para a livro 7. Faço essa conjectura para não cometer alguma injustiça com algumas delas. Eu, particularmente, fui conduzido àquele espaço através dos estudos no Centro de Artes e Comunicação da UFPE, onde convivi com professores, escritotes e poetas que para ali se dirigiam, principalmente aos sábados, atraídos por boas conversas, os últimos lançamentos de sua área de interesse, e, principalmente, pela famosa batida de maracujá, servida gratuitamente, segundo dizem, preparada pelo próprio Tarcísio.
Ali, mantive longas conversas com Gilvan Lemos, o pardal de São Bento do Una, assídio frequentador daquele espaço, sempre atendendo os pedidos dos estudantes que o procuravam para falar de sua obra. Arredio, morava sozinho, não gostava de dar entrevistas, mas não resistia a um pedido recomendado por mim, então um jovem estudante de letras, aluno aplicado do poeta Marcus Accioly, que ministrava Teoria da Literatura na UFPE. Confesso a vocês que não sei por quanto tempo ainda teremos que suportar os sofrimentos infringidos por essa doença, que retira do nosso convívio os parentes, os amigos, limita o convívio social e impõe-nos um momento de treva, atribulado, de muito medo. Um medo de tornar-se a próxima vítima. Que momento difícil, leitores.
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