pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial:"É preciso derrotar as mentiras e defender a verdade".
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Editorial:"É preciso derrotar as mentiras e defender a verdade".



Nos últimos anos, alguns fatos curiosos ocorreram com a experiência democrática americana. Até então, apenas na ficção produzida pela mente fértil dos escritores, seria possível conceber aquele aparato de segurança gigantesco montado para garantir que a posse de um presidente eleito ocorresse sem incidentes. Completa o enredo a invasão dos insanos ao Capitólio - com o propósito explícito de golpearem as instituições - assim como a descortesia de Donald Trump em não cumprimentar o seu sucessor, um ritual nunca quebrado antes por um ex-presidente. Mas isso é apenas a ponta do iceberg das fragilidades democráticas - ainda no campo de suas formalidades - talvez como reflexo de problemas mais profundos, produzidos nos estertores, de matriz autoritária, que estão minando aquela experiência democrática em suas bases. O fato concreto - e igualmente preocupante - é que o conjunto de forças que se apossaram do poder naquele país tinham planos de não abondoná-lo e implantar um projeto de sociedade, cujos preceitos democráticos seriam absolutamente irrelevantes, uma vez que o componente econônico seria determinante. 

Um projeto de extrema-direita, de racionalidade ultraliberal, condicionados aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, o que implica, naturalmente, em reflexos profundos no continente latino-americano.É preciso ficar atento sobre até onde vai a margem de manobra do presidente Joe Biden, num cenário de forças ultraliberais centrífugas, disposta a transpor todos os obstáculos para impor sua "racionalidade". Algumas diretrizes da política exterior norte-americana, por exemplo, são ditadas por um mainstream com forte influência sobre o presidente. Alguém observou que, neste sentido, Joe Biden assumiria posições até mesmo mais radicais do que Donald Trump. Não vejo como possamos comemorar a derrota desse projeto, mesmo com a saída de cena de um dos seus mais ilustres representantes. Melhor ainda seria que os dois processos de impeachment em andamento fossem a aprovados, impedindo o ressurgimento do monstro da lagoa, para usarmos uma expressão do compositor Chico Buarque de Holanda, quando fazia referência às possiveis manobras no sentido de fazer ressurgir entre nós a ditatura militar. Afasta de nós esse cálice, Chico. 

Como recomenda o compositor naquela música, já não dá mais para ficar apenas atento na arquibancada, mas descer à arenas de luta, às ruas, como indicam alguns movimentos, inclusive aqui no Brasil, motivados por aquelas cenas desumanas e anticivilizatórias de pessoas morrendo por falta de oxigênio, quando se expõe o descaso do poder público - não faço referência à esfera específica - que tinha conhecimento da iminente tragédia que se aproximava, a partir, inclusive, dos relatórios produzidos pela força tarefa do SUS. Convém deixar registrado aqui que tal tragédia está longe de ser superada, a julgar pelas cenas de filas enormes de pessoas com o objetivo de comprar ou abastecer seus cilindros de oxigênio. A população entrou em pânico e eu acredito que muita gente está à procura do equipamento talvez como medida preventiva. Isso apenas agrava o problema. Notícia ainda pior é a possibilidade de o drama de Manaus se repetir em outras capitais da região Norte do país, com o aumento sensível de casos de contaminados e doentes. 

Em todo caso - e para não parecer pessimista aos nossos leitores, logo no inicio desta manhã de Quinta-Feira - Pode-se dizer que Joe Biden é um bom camarada, sobretudo em relação às suas afinidades com as regras do jogo da democracia procedimental. Como acabara de enfrentar um jogo sujo, baseado na disseminação "profissional" de mentiras, a sua vitória é a vitória também daqueles que buscam a vardade dos fatos. Esta estratégia abjeta - concebida incluisve por assessores que receberam o perdão presidencial - tem produzido muitos danos, como a condenação de inocentes, linchamentos morais e a formaçao de "opinião pública" sem qualquer lastro de amparo nos fatos. Como disse o novo presidente, "É preciso derrotar as mentiras e defender a verdade". Fake News é uma prática fascista, torpe, desprezível, onde não há argumentos convincentes, transparência, ou autoria autêntica. Seus autores se escondem no anonimato. Não há adversários, mas inimigos a serem destruídos a todo custo, simplesmente porque advogam teses opostas. Destila-se o ódio, conduz-se rebanhos ensandecidos. É urgente que essa onda de ultradireita seja contida, sob pena de continuarmos nesse retrocesso civilizatório. 


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