Há duas reflexões importantes para se fazer quando se está em jogo as conjecturas acerca das eleições para a Presidência da Câmara dos Deputados, que devem ocorrer no dia primeiro de fevereiro. A primeira delas desaconselha o cálculo dos eventuais resultados a partir de uma avaliação do voto pelo apoio da bancada partidária, ou seja, o candidato que conquista o apoio de um determinado partido não pode, em hipótese alguma, concluir que todos seus representantes votarão nele. Recorre-se, aqui, a uma lição deixada por uma velha raposa da política mineira, Tancredo Neves: Em votação secreta, naquele escurinho, os homens traem. Sempre acrescento que as mulheres também, Dr. Tancredo, para não sermos acusados de misoginia, nesses tempos bicudos, onde até uma simples paquera, quando mal conduzida, pode ser confundida com um assédio. Uma outra lição - esta, infelizmente, não sei quem nos legou - recomenda não se orientar muito pela ideologia dos partidos politicos, uma vez que, a partir de um determinado momento, ali no Congresso, todos os gatos tornam-se pardos, ou seja, acabam assumindo aquela "cultura' bastante conhecida dos brasileiros, independentemente de suas vinculações partidárias.
Consegue-se muito identificar ou definir o candidato Arthur Lira(PP-AL) como um candidato chapa-branca pelo apoio explícito emanado pelo Governo do senhor Jair Bolsonaro, que faz questão de ratificar esta posição. Arthur Lira, em alguns momentos, tem até sinalizado que seria até mais independende do que o candidato apresentado por Rodrigo Maia para sucedê-lo, Baleia Rossi(MDB-SP), nome oficialmente de oposição, um candidato que conta, ainda, com diversas arestas a serem aparadas pelos partidos e parlamentares do campo progressista que o apoiam. O PSOL, numa atitude equivocada, por exemplo, depois de muitas idas e vindas, acabou lançando a candidatura independente de Luiza Erundida(PSOL-RJ), de alguma forma, cindindo a estratégia e base de apoio articulada por Rodrigo Maia (DEM-RJ) para assegurar as chances de vitória do pupilo Baleia Rossi(MDB-SP). O PSOL confirma a tese dos "gatos pardos", uma vez que sempre demonstrou o interesse em apoiar o nome de oposição apenas num segundo turno, onde teria melhores chances de barganha por cargos e comissões.
Aqui na província pernambucana, quando se discute os votos da bancada do PSB, as coisas continuam no mesmo diapasão, ou seja, a despeito de uma resolução da Executiva Nacional do Partido indicando, por unanimidade, que não apoiariam o candidato governista Arthur Lira, parlamentares da legenda não escondem sua intenção de votar nele, contrariando aquela resolução partidária. E, neste caso em particular, trata-se de uma traição assumida, sem os ingredientes do dark room, naturalmente. Esses deputados socialistas são explícitos em assumir que não acompanharão a decisão da Executiva do Partido, criando até mesmo alguns embaraços para o governador Paulo Câmara(PSB-PE), que resolveu acatar a orientação da legenda, assumindo o voto no candidato Baleia Rossi. O prefeito João Campos(PSB) é um dos maiores entusiastas do apoio ao nome de Arthur Lira(PP-AL). Deputados do PSL também esboçaram uma dissidência, segundo dizem, controlada pelo próprio Rodrigo Maia(DEM-RJ) com o apoio do deputado federal Luciano Bivar, dirigente nacional da legenda. Como se observa, o cálculo do voto neste ou naquele candidato não pode ser inferido pelo apoio de "bancada".
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