pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A Revolta da Vacina II
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sábado, 16 de janeiro de 2021

Editorial: A Revolta da Vacina II


Esperamos, sinceramente, que os brasileiros e brasileiras que ainda preservarem o equilíbrio mental, depois desse pandemônio que o país atravessa, possam ter o bom-senso necessário para refletir sobre as lições adquiridas durante esta tormenta. Entender que é preciso uma convivência civilizada com quem pensa diferente; desenvolver a consciência política necessária para não embarcar em novas canoas furadas; compreender a importância das instituições da democracia para administrar e dirimir conflitos; civilizar-se, desenvolvendo a sensibilidade para o outro, seja ele pobre, negro, mulher, homossexual. Convém fazer tais observações porque há alguns casos "perdidos", ou seja, hordas de insanos que seguem orientações torpes, desprovidas de quaisquer racionalidade; que negam fatos concretos; guiadas pelo fanatismo do ódio; intolerantes; ameaçando suas vidas e a dos outros. Infelizmente, chegamos a este estágio político. Certamente, este é o momento mais difícil que o país atravessa. Uma tempestade perfeita, como diria os economistas, para descrever uma situação de crise generalizada. No nosso caso, atinge a saúde pública, o tecido social e econômico, além da democracia e as instituições que lhes dão suporte. 

Na nossa fase de adolescência usava-se muito uma expressão emblemática para descrever esta situação: Sinuca de bico, ou seja, uma situação sem saída, pois a bola que se joga está encostada à caçapa, não permitindo nenhuma manobra do jogador, sob um risco altíssimo de cair no buraco. Uma das primeiras lições seria a de não permitir que  chegássemos a tal estágio, abrindo um precedente para que as instituições fossem de tal forma tão desacreditadas, assediadas e fregilizadas, tornando-se incapazes de esboçar uma reação num momento de impasse como este que estamos vivendo. Depois daquelas cenas apavorantes do caos instaurado em Manaus, no dia de ontem, tivemos panelaços pelo país e até pequenas mobilizações de rua, como a ocorrida em Belo Horizonte, todas com o propósito de exigir medidas de enfrentamento ao caos instaurado em Manaus, assim como medidas que possam otimizar o início da vacinação em massa da população. Uma nova Revolta da Vacina - esta orientadas por outras motivações, embora os insanos mencionados acima, já tenham tomado a decisão de que não pretendem se vacinar, como disse ali, pondo em risco não apenas a vida deles, mas as nossas também.  

Na realidade esse caos é relativamente antigo. Ele inicou-se quando os yankees ficaram de olho na riqueza do nosso Pré-sal, que tornou-se a maldição do Governo Dilma Rousseff(PT), que pretendia que os recursos produzidos com a sua exploração fossem aplicados em educação e saúde. Logo, já mancumunados com os interesses estratégicos e geopolíticos dos yankees, surgiram proeminentes figuras tucanas do bico fino sugerindo que a exploração aquelas riquezas fossem abertas  ao capital internacional, através de empresas petrolíferas estrangeiras. As cenas seguintes desse enredo macabro já é História, bastante conhecida dos brasileiros, tecitura desenvolvida em ações muito bem urdidas e coordenadas - hoje sabe-se - com a prestimosa assessoria dos interessados. Salvaguardados seus interesses econômicos e geopolíticos a qualquer preço, o que talvez eles não contassem é com este desastre institucional e político em que mergulharam o país, situação análoga a que eles também estão enfrentando, com um Capitólio abarrotado de homens da Guarda Nacional para assegurar uma simples transição pacífica de alternância de poder. 

Mas, como estamos vivendo um momento desastroso de  radicalidade da racionalidade ultraliberal - onde o capital não apenas dá as cartas, mas igualmente impede que o trabalho também possa fazer os seus jogos - Direitos individuais e coletivos, experiências democráticas meio-ambiente, subjetividades huminitárias estão todos comprometidos. Outro impasse gigantesco diz respeito à chamada guerra das vacinas, ora travada entre nações, ora travada entre Governo Federal e entes federados. O Governo já assinalou, conforme comentamos por aqui, que teremos vacinas para todos os brasileiros, inclusive, se for caso, com a adoção de duas doses. O problema que se apresenta são os prazos estabelecidos e as negociações em curso. Pelos cálculos oficiais, a vacinação deve começar na Quarta-Feira, sendo as doses destribuídas para os Estados ainda na Segunda-Feira. O problema é que as negociações com o laboratório indiano estão travadas e nem Deus sabe como se dará o feedback da requisição das seis milhões de doses da Coronavac solicitadas ao Butantan pelo Ministério da Saúde. O Ministério tem prerrogativas legais para isso, mas conhecemos bem os embaraços políticos em jogo.  


 

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